sexta-feira, 10 de maio de 2013

Encontro com a morte.

Por toda a vida fora alguém que imaginava as pessoas em luto pela sua ida. Imaginava seus pais chorando, seus familiares lamentando a perda e seus amigos pensando em como tinha morrido jovem. Porém, nunca realmente pensara em quando iria morrer. A realidade bateu quando alguém próximo se foi, sem mais nem menos. Caiu a ficha. Poderia ter sido ele. O luto tinha tomado conta de seus pensamentos. Pensava como aquilo poderia ter acontecido? Fora pego de surpresa. Sua cama havia virado sua melhor amiga por um tempo, até que lentamente se desse conta de que a vida continua. Continua? Resolveu fazer seu testamento. Resolveu também escrever cartas para pessoas escolhidas pela parte poética de seu cérebro. Aquelas pessoas com quem já tinha um íntimo maior. As cartas eram escritas com as expressões das pessoas sendo imaginadas. Gostava de imaginar que todos sentiriam sua falta. É claro que isso provavelmente não iria acontecer, mas mesmo assim imaginava. Cada carta contava sua história com a respectiva pessoa. Algumas tinham um quê a mais, outras eram breves. Três em especial continham as palavras mais delicadas e harmoniosas que conseguia. Alguns pedidos de desculpas - muitos - e algumas juras de amor. A última deixara um buraco em seu peito. Fora difícil escrevê-la sem parecer melancólico. Dissera que as coisas não deveriam ter terminado assim, mas quem era ele para dizer o que o futuro o guardava? A carta terminava com as palavras que mais marcaram seus momentos juntos. Chorara ao perceber que tudo aquilo poderia acabar, assim, sem mais nem menos. Algumas lágrimas fincaram-se no papel. Esperava que suas palavras conseguissem passar tudo o que sentia no momento em que as colocara no papel. Por fim, guardou tudo em uma pasta. Iria montar um esquema no qual, assim que partisse, fosse entregue aos devidos destinatários. Intitulou a pasta de "Quando eu morrer..."

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