sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

There is a light that never goes out.

                Tinha saudade. Talvez não daquela de sentir-se estranho em sua própria casa, na certeza de que algo não está certo. Ou de ser sufocado pela ausência, refém de sua própria mente. Tinha uma saudade peculiar, como se toda vez que fosse falar algo, somente abria a boca, sem palavras saindo de sua garganta. “Só teria graça se fosse com ela”, afirmava.
                Caminhava por aí, tentando não pensar na falta que fazia ter aquela presença, mesmo que longe. Havia um grande buraco em sua alma, dramaticamente falando. Nada era capaz de preencher o que o havia deixado, nem mesmo uma carne de churrasco em um fim de semana. Arrastava-se de um lugar ao outro, sem muitas expectativas, querendo sair de casa para que a cabeça não pensasse somente em uma coisa.
                Por pura teimosia, escreveu uma carta endereçada à sua antiga residência. Colocou nela tudo o que o perturbava, sem poupar palavras ou pensamentos. Se alguém saberia de tudo aquilo, seria ela, obviamente.
                “Querida amante,

a cafeteria não me traz a mesma paz de antes. Maniacamente, ela está impregnada com o teu cheiro e um fantasma que sempre vejo de relance. Tem os teus dotes, até mesmo seu cabelo que tanto gosto.
                Francamente, gosto até de seus joelhos. Não, não sou um tarado qualquer com um tesão estranho. Não me pergunte o motivo, mas gosto. Aprendi a gostar de cada detalhe de seu corpo, inclusive os joelhos e os pés. Tudo bem, talvez seus pés sejam o meu ponto fraco, mas juro que não sou tarado por eles também. É algo que eu talvez nunca consiga explicar, esse fascínio que sinto por você, sem qualquer resquício de obsessão. Vem de dentro, toda a afeição pelos seus dedos e pela sua bunda. Seu pescoço e suas coxas. Sua boca e seus peitos. Por favor, não ligue para polícia.
                Sei por tudo o que passamos nesses últimos meses, porém tenha a certeza de que você é uma visitadora constante de meus pensamentos. Antes de dormir, pouco antes do sono me alcançar e mandar-me para outra dimensão, tu me vens à cabeça. Deixa-me com uma tranquilidade que nem um sonífero é capaz de proporcionar-me. Sinto meus ombros relaxarem e meu corpo afundar no colchão. Teus olhos causam-me aprazibilidade e placidez, tornando-me seu prisioneiro, sem direito a liberdade condicional.
                Queria que soubesses a falta tu implicas em mim. Não quero que sinta-te culpada, somente que tenha ciência de tudo o que sinto quando sua ausência é o que resta. A vida sempre foi chata, mas era melhor com você por perto, fitando-me sem limite algum. Um passado que hoje assombra-me profundamente, sem qualquer tipo de escrúpulo ou consideração com os meus sentimentos.
                Sendo essa uma carta não tão longa, permita-me terminar com uma citação do meu filme preferido, referindo-me completamente a você. Tudo o que eu possa querer dizer, está aqui contido nesse pequeno parágrafo, poeticamente dedicado a tudo o que você foi e é para mim. Antes que reclame do clichê romântico, poupar-te-ei dizendo que clichês são coisas inexistentes quando o assunto és tu, belle personne.   
              “I love you too much to let you think I could live without you. Whether you are deceiving me, I do not care as long as you have the sincerity to tell me. Patience is me and I am waiting for you. It's your body that I recite by heart, your so soft arms, your lips and the smell of your hair. And your knees, that even your knees, I'm in love. I love all of you.”

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