Era difícil
compreender o que meus ouvidos tinham captado. Não ouvia tal voz rouca há mais
de um ano, e agora ela estava ali, a poucos centímetros, sendo despejada em
mim. O tom era um pouco diferente, mas ainda assim podia claramente notar a
semelhante falha nas palavras. Não sei dizer por quanto tempo me calei e fitei
o teto. Pude perceber que algumas infiltrações já se faziam presentes, assim
como alguns poucos buracos. A pessoa que estava ao meu lado tinha muito pouco a
ver com ela, mas sua boca emitia sons que criavam uma certa nostalgia ao meu
redor. Encontrava-me em uma cama de solteiro, não muito longe dali. Havia alguém
que conhecia tudo a meu respeito, inclusive em que posição eu dormia. Com sua
cabeça encostada em meu ombro, esbravejava bobagens, essas tanto que me
apaziguavam. O frio tomava conta do quarto, talvez pelo ar-condicionado sempre
ligado, no alto da parede. Seu edredom se mostrava necessário, coisa que nunca
reclamei. Horas a dentro, terminávamos em um silêncio absoluto, com nossas
respirações reinando sobre as palavras. Era possível ouvir também o barulho da
tevê, mesmo que mínimo. Eu sempre tinha que desligar, ao acordar no meio da
madrugada, já que ela tinha medo de ficar no escuro. Mal sabia ela que eu
também tinha.
quinta-feira, 23 de julho de 2015
domingo, 12 de julho de 2015
Sweetheart, What Have You Done To Us?
Meus sonhos são
contraditórios. Neles, aparecem pessoas em que nunca vi, ou ao menos que não
lembro mais. E no meio de todos essas vultos desconhecidos, encontro olhos que
atraem os meus. Não por serem lindos e transparentes, mas por pertencerem às
pessoas que me fazem bem. Ou que me fizeram, em determinado momento. Fato é:
muitos nem se conhecem. Simplesmente me têm como pessoa em comum, sem qualquer
relação intrínseca entre si. Então, indago, por que todos se dão tão bem?
Aparecem sorrindo, tendo conversas que não me envolvem. Alguns nem levam em
conta que já sumiram da minha rotina. Eu imaginaria que esses teriam borrões em
seus rostos, como se minha miopia tivesse aumentado exclusivamente naquela
parte de seus corpos. Para minha surpresa, consigo enxergar com tamanha
precisão de que poderia jurar tê-los visto ontem mesmo. Suas feições estão
todas lá, detalhadas, com as pintas no lugar em que devem estar. Passam por
cima de tudo o que eu tenho guardado, e agem como nunca tivessem ido embora.
Pergunto-me se é isso de que um sonho é feito: um mundo paralelo, que acomoda
suas imaginações mais profundas, por mais impossíveis que pareçam. Um lugar
onde você observa caras velhas e relembra da tal da felicidade momentânea. Faz
até você acreditar que as coisas podem sim voltar a como eram antes, no perdão
e tudo mais. Alguns dizem que os sonhos são suas realidades, mas como se você
tivesse tomado todos os caminhos certos. Como se não houvesse erro, somente
acumulações de momentos passados. Nada te derrubou, e todos continuam onde
estavam, inertes. Não há magoas ou rancor. Amor nenhum foi perdido, mas
adicionado aos demais. Uma vida repleta de risadas e piadas sem graça. E faces
não esquecidas.
Eu acho injusto, na verdade. Dar
uma esperança que logo se dissolve.
quinta-feira, 9 de julho de 2015
Dream Lover.
O que jaz no amanhã?
Uma coberta no frio?
Teu sopro no meu
ouvido?
O amanhã eu não sei.
Embaçado, direi.
A porta continua
aberta.
Lembra da minha
oferta?
Seu rosto, eu
esqueço.
Nunca me deu seu
endereço.
Repito tudo o que é
piegas.
Só me restam as
lembranças.
Meu espírito é fraco.
Sinto sua pele macia.
De qual cor era seu
casaco?
Pensar em ti é
hipocrisia.
Como foi seu dia?
Tal desejo,
insaciável.
Nós, inviável.
Perdoe minha ousadia.
quinta-feira, 2 de julho de 2015
A sua mentira em Abril.
Like a cat, you silently creep
up to me. Your touch flows through my entire body. Meaninglessly, your words
form a melody that I cannot comprehend. I seek the knowledge of reaching you,
yet sorrow opposes my will. I began to realize I was a mere chapter in your complex
history. Do not worry, as a chapter to be fold, I am nothing but gratefulness.
You leave me with a broad smile, facing your whole essence ahead. I look up to
you, only to find adventures astounding you. Breathe, my dear. Mildly walk the
path you have chosen. Gracefully move away from me. Watching, as agony pierces
me, your lovely back to decrease its shape. Do not vanish from my memories, is
my sole demand.
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