domingo, 12 de julho de 2015

Sweetheart, What Have You Done To Us?

                Meus sonhos são contraditórios. Neles, aparecem pessoas em que nunca vi, ou ao menos que não lembro mais. E no meio de todos essas vultos desconhecidos, encontro olhos que atraem os meus. Não por serem lindos e transparentes, mas por pertencerem às pessoas que me fazem bem. Ou que me fizeram, em determinado momento. Fato é: muitos nem se conhecem. Simplesmente me têm como pessoa em comum, sem qualquer relação intrínseca entre si. Então, indago, por que todos se dão tão bem? Aparecem sorrindo, tendo conversas que não me envolvem. Alguns nem levam em conta que já sumiram da minha rotina. Eu imaginaria que esses teriam borrões em seus rostos, como se minha miopia tivesse aumentado exclusivamente naquela parte de seus corpos. Para minha surpresa, consigo enxergar com tamanha precisão de que poderia jurar tê-los visto ontem mesmo. Suas feições estão todas lá, detalhadas, com as pintas no lugar em que devem estar. Passam por cima de tudo o que eu tenho guardado, e agem como nunca tivessem ido embora. Pergunto-me se é isso de que um sonho é feito: um mundo paralelo, que acomoda suas imaginações mais profundas, por mais impossíveis que pareçam. Um lugar onde você observa caras velhas e relembra da tal da felicidade momentânea. Faz até você acreditar que as coisas podem sim voltar a como eram antes, no perdão e tudo mais. Alguns dizem que os sonhos são suas realidades, mas como se você tivesse tomado todos os caminhos certos. Como se não houvesse erro, somente acumulações de momentos passados. Nada te derrubou, e todos continuam onde estavam, inertes. Não há magoas ou rancor. Amor nenhum foi perdido, mas adicionado aos demais. Uma vida repleta de risadas e piadas sem graça. E faces não esquecidas.
                Eu acho injusto, na verdade. Dar uma esperança que logo se dissolve. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário