domingo, 16 de agosto de 2015

C'mere.

O tempo havia parado.
                Eu não tinha feito nada, na verdade. Demorei algum tempo até notar que seu olhar não havia focado em algo, mas sim parado. Observei-o por algum tempo, e percebi o quão inexpressivo era. Não havia mais cor em seus olhos. Seu rosto demonstrava um certo cansaço, provavelmente devido ao longo dia que tivera. Sua mão direita segurava a esquerda com bastante força, tanto que deixava sua palma branca. Seus pés estavam esticados, de um modo que a sola não encostava no chão. Os ombros pareciam rígidos, diferentes dos que eu estava acostumado.
                Durante aqueles minutos, pude notar diversas coisas que não condiziam com a pessoa que eu conhecia há oito anos. Se o tempo não tivesse parado, não iria tomar conhecimento de seu claro nervosismo, mesmo que tivesse passado despercebido por mim. Se eu não conseguia dormir nas últimas noites, descobri que ela também passava pelos seus maus bocados. A dor não era exclusiva minha, embora tivesse diferentes razões. 

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