segunda-feira, 8 de junho de 2015

Naïve.

- Dentre todas as coisas, você me faz bem.
- Como é?
- Ué, não ouviu? Você me faz bem. Fim.
- Eu nem te vejo tanto assim.
- Sem querer ser clichê, mas você não precisa estar aqui do meu lado. Na verdade, mesmo longe, já tá me fazendo um bem danado.
- Deixa de drama, tá achando que a sua vida é um livro?
- Por exemplo, agora mesmo estou olhando para a lua, que está pela metade. Sem nem mencionar você, posso sentir uma pequena diferença de cinco minutos atrás.
- E o que a lua tem a ver com isso tudo?
- Se bem me lembro, você também gosta dela. Daí, vou lembrando gradativamente de você, só de olhar para ela.
- Então você me associou à lua?
- Algo assim. Não só ela, mas as outras guardarei comigo.
- Você diz essas coisas como se fosse novo nisso. Nunca te machucaram?
- Já. Algumas vezes.
- E como pode vir e esbravejar tudo isso, sem medo algum?
- Quem disse que não estou com medo? Só de pensar nas milhares de possibilidades, fico com um pé atrás.
- Só um?
- A graça toda está aí. Você ter o livre arbítrio para desistir a hora que quiser, mas seguir em frente mesmo assim. De que adianta viver e nunca colocar a cara a tapa?
- Mas você já deu sua cara a tapa.
- Bom, aí vai do gosto do freguês. Eu acho que vale a pena.
- O que vale a pena?
- Você, oras. Mas não fique toda convencida. E tire esse sorrisinho daí.
- Moi? Estou quieta. Você também não está sério, então não pode me pedir isso.
- Estou seríssimo.
- Está rindo, também.
- Bom, não consigo ficar tão sério assim. Você me conhece.
- Na verdade, não. Mas a cada dia acho que conheço um pouquinho mais.
- Quero saber tudo sobre você.
- Não sou tão interessante assim.
- Quero que me conte seus medos, seus sonhos. Quero saber as peculiaridades que ninguém sabe, como quando suas pálpebras não fecham totalmente ao beijar.
- Que? Olha só, pra isso funcionar você também tem que fechar o olho.
- Gosto de te olhar, mesmo quando não devo. 
- Você não é do tipo que fica olhando para a pessoa até ela acordar, né?
- Não garanto nada. Ainda mais, como eu poderia não olhar pra você, dormindo com toda sua graciosidade?
- Eu sou um pequeno monstro de manhã. Você nunca me viu nas primeiras horas do dia, então não pode afirmar nada.
- Afirmo que você, agora, às três e quarenta e quatro da tarde, é linda.
- Costuma usar isso com todas as outras?
- Só com as que dão bola. 
- Babaca.
- Voltou com os xingamentos? O que aconteceu com todo o papo de "sou uma moça de respeito, não irei mais xingar"?
- Você me tira do sério, é isso que acontece. 
- Você também fica linda emburrada.
- Cala a boca.
- Rude. Então, o que acha de tomar um café? Faz tempo que não te vejo.
- Você nem gosta de café, palhaço.
- Tudo bem, só quero ver você de pertinho.
- Sem gracinhas, pervertido. Estarei de olho em você.
- Tenha toda a certeza que também estarei de olho em você.

Nenhum comentário:

Postar um comentário