Tínhamos
comemorado o seu aniversário em sua casa, uns 40 minutos de distância da minha.
Não era muito longe, até por que eu iria até o fim do mundo por ela, mas a
distância ainda assim me incomodava. Ter que vê-la somente uma vez por semana
não estava nos meus planos, e às vezes colocava todos os meus sentimentos ao
limite. De qualquer maneira, a festa tinha sido boa. Ela havia chamado algumas
de suas amigas para comemorar os seus dezesseis anos. Passamos uma boa parte da
festa na piscina e comendo carne do churrasco. E sim, ela só comia pão de alho.
A piscina
era grande se comparada a maioria das piscinas que eu já tinha visto,
principalmente para uma casa. Ela mal conseguia ficar de pé na parte rasa,
enquanto eu conseguia ia até o fundo sem tirar meus pés do chão. Sempre que eu
achava graça disso, ela logo me mandava parar, daquele jeito dócil dela. Com o
sol queimando sobre nossas cabeças, peguei o protetor solar para passar ao
menos no seu rosto, já que ela não queria passar no resto do corpo. Ao sambar
meus dedos em sua face, tive uma sensação formidável. Ao olhar aquela cena, me
imaginei com ela daqui a 20 anos. Casados, desfrutando das nossas férias e
agindo como duas crianças que ainda seríamos. Confesso que mal pude esconder
meu sorriso ao pensar nisso.
Nisso, algumas
músicas tocavam ao fundo. Nas palavras dela, ela havia colocado “Hey there Delilah” na seleção de músicas
dela só por minha causa. Fiquei imaginando o porquê. Logo me veio a letra da
música. “Don’t you worry about the distance”,
uma coisa que se encaixava perfeitamente na situação. Toda vez que eu escutava
essa música, me lembrava dela, e aí era uma sucessão de flashes. Seu sorriso, o
som da sua risada, o seu olhar verde azulado… tudo. Que nostalgia, eu pensava.
Com o dia
chegando no final, os convidados já tinham ido embora. E eu também teria que ir
logo. Sentado na beira da piscina, com os dedos dela entrelaçados nos meus, me
encontrei vasculhando a minha mente. Como seria esse ano? Teríamos força para
aguentar tudo? Toda vez que eu olhava para ela, eu dizia sim para mim mesmo. Eu
queria ter certeza de que isso aconteceria, mas eu não posso prever o futuro.
Não sei o que o destino guarda para nós, mas vou dar o meu máximo para que seja
belo e feliz. Isso, ao menos, estava claro, mesmo que diversas coisas
conspirassem contra nós.
Estava na
hora de voltar para casa. Com ela se preocupando cada vez mais com a minha
volta, e me perguntando de cinco em cinco minutos, decidir ir de uma vez, mesmo
que eu não quisesse. Por mim, eu ficaria ali com ela durante anos, sem nem
mesmo sair do lugar, só com ela ali do meu lado, segurando a minha mão.
Contudo, nem tudo na vida se consegue.
Saindo de
sua casa, parei antes das escadas. Ela estava segurando o portão, para que ele
não fechasse. Me voltei para ela e dei um beijo de despedida. Durara muito
menos do que eu queria, mas me conformei. Ao descer a ladeira de sua casa,
parei repentinamente. Me virei. Caminhei até ela dizendo: “Esqueci uma coisa”,
como se eu fosse pegar alguma coisa na casa. Era mentira. Eu não tinha
esquecido de nada lá. Só queria dar outro beijo nela, e saciar mais um pouco do
meu desejo. Assim que o fiz, notei o quanto ela tinha ficado vermelha. Era uma
característica dela, ficar vermelha quando tivesse vergonha. Eu brincava
dizendo que ela parecia com um pequeno tomatinho. O meu pequeno tomatinho.
Comentário sobre a ultima frase: Só que não.
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