sábado, 30 de março de 2013

Estória mal contada.

Tínhamos comemorado o seu aniversário em sua casa, uns 40 minutos de distância da minha. Não era muito longe, até por que eu iria até o fim do mundo por ela, mas a distância ainda assim me incomodava. Ter que vê-la somente uma vez por semana não estava nos meus planos, e às vezes colocava todos os meus sentimentos ao limite. De qualquer maneira, a festa tinha sido boa. Ela havia chamado algumas de suas amigas para comemorar os seus dezesseis anos. Passamos uma boa parte da festa na piscina e comendo carne do churrasco. E sim, ela só comia pão de alho.
A piscina era grande se comparada a maioria das piscinas que eu já tinha visto, principalmente para uma casa. Ela mal conseguia ficar de pé na parte rasa, enquanto eu conseguia ia até o fundo sem tirar meus pés do chão. Sempre que eu achava graça disso, ela logo me mandava parar, daquele jeito dócil dela. Com o sol queimando sobre nossas cabeças, peguei o protetor solar para passar ao menos no seu rosto, já que ela não queria passar no resto do corpo. Ao sambar meus dedos em sua face, tive uma sensação formidável. Ao olhar aquela cena, me imaginei com ela daqui a 20 anos. Casados, desfrutando das nossas férias e agindo como duas crianças que ainda seríamos. Confesso que mal pude esconder meu sorriso ao pensar nisso.
Nisso, algumas músicas tocavam ao fundo. Nas palavras dela, ela havia colocado “Hey there Delilah” na seleção de músicas dela só por minha causa. Fiquei imaginando o porquê. Logo me veio a letra da música. “Don’t you worry about the distance”, uma coisa que se encaixava perfeitamente na situação. Toda vez que eu escutava essa música, me lembrava dela, e aí era uma sucessão de flashes. Seu sorriso, o som da sua risada, o seu olhar verde azulado… tudo. Que nostalgia, eu pensava.
Com o dia chegando no final, os convidados já tinham ido embora. E eu também teria que ir logo. Sentado na beira da piscina, com os dedos dela entrelaçados nos meus, me encontrei vasculhando a minha mente. Como seria esse ano? Teríamos força para aguentar tudo? Toda vez que eu olhava para ela, eu dizia sim para mim mesmo. Eu queria ter certeza de que isso aconteceria, mas eu não posso prever o futuro. Não sei o que o destino guarda para nós, mas vou dar o meu máximo para que seja belo e feliz. Isso, ao menos, estava claro, mesmo que diversas coisas conspirassem contra nós.
Estava na hora de voltar para casa. Com ela se preocupando cada vez mais com a minha volta, e me perguntando de cinco em cinco minutos, decidir ir de uma vez, mesmo que eu não quisesse. Por mim, eu ficaria ali com ela durante anos, sem nem mesmo sair do lugar, só com ela ali do meu lado, segurando a minha mão. Contudo, nem tudo na vida se consegue.
Saindo de sua casa, parei antes das escadas. Ela estava segurando o portão, para que ele não fechasse. Me voltei para ela e dei um beijo de despedida. Durara muito menos do que eu queria, mas me conformei. Ao descer a ladeira de sua casa, parei repentinamente. Me virei. Caminhei até ela dizendo: “Esqueci uma coisa”, como se eu fosse pegar alguma coisa na casa. Era mentira. Eu não tinha esquecido de nada lá. Só queria dar outro beijo nela, e saciar mais um pouco do meu desejo. Assim que o fiz, notei o quanto ela tinha ficado vermelha. Era uma característica dela, ficar vermelha quando tivesse vergonha. Eu brincava dizendo que ela parecia com um pequeno tomatinho. O meu pequeno tomatinho.

Um comentário: