Mesmo com
todo o tempo, o tempo todo suas palavras ainda me traziam aconchego. Chega. Não
fora minha vontade perdida, realidade quebrada ou esperanças ao chão que
fizeram de você mais uma lembrança. Não.
Quem me
dera poder brincar com o tempo. Até quando? Fora somente você. Oh, você! Não se
faça de tola, menina! Você sempre terá seus garranchos na capa do meu livro.
Contudo, menina, eu não vivo mais no passado. Hoje, tenho minhas manias
renovadas. Sou um completo estranho. Não, não estou falando da minha aparência
- apesar de ter ingerido alguns quilos a mais. Alguns dias de academia
resolvem.
Falo,
então, do modo como vejo as coisas. Tudo. A vida, a rua, a chuva... E com isso,
menina, o seu olhar.
Aquele olhar!
Mudou.
Mudei.
Mudamos.
E todo
aquele clichê fora embora. Tinha partido do meu sistema, logo depois de você.
As rosas tinham morrido. Os ingressos de cinema, perdidos. Os presentes,
escondidos. As cartas, rasgadas. Tudo o que lembrava você, lentamente, começava
a se esvair. Algumas músicas ainda perpetuavam em minha memória. Os rádios se
tornavam meus piores inimigos. Porém, como tudo nessa vida, as músicas também
tinham um final. E essa, oh
menina, tinha chegado ao final.
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