A minha
vida toda, tive medo de não ser suficiente para alguém. De, apesar de todas as
minhas forças, não me restar senão a solidão. Durante muitos anos, ponderava em
quão louco eu ficaria quando alguém me substituísse. Tinha a ideia de que a
vida não teria sentido, de que atingiria o fundo do poço assim que a outra
pessoa resolvesse seguir em frente.
Daqui de
baixo, posso confirmar todas as minhas teorias sobre esse momento. Todos os
meus medos realizaram-se, me tornando vulnerável às minhas próprias ações. A
vida não parece ter mais o gosto de ser vivida. Aquilo que me levantava da cama
todos os dias, mostra-se agora inexistente. Pela primeira vez na minha vida,
sinto-me perdido. Sinto-me como se não tivesse um futuro que eu pudesse agarrar
para continuar. Agora, somente tenho memórias de um passado não tão distante.
Eu pensava que a escuridão iria dar-me abrigo, adotando-me para seu ninho de
solidão. Mas eu estava errado. Eu sou a escuridão.
Não
tinha, porém, a ideia de que mesmo sendo substituído, a felicidade da outra
pessoa tornar-se-ia mais importante que minha. Sentia que deveria fazer com
aquela pessoa fosse feliz, para compensar seu tempo perdido, sua alma
desgastada.
Finalmente,
entendi que o amor era isso: uma automutilação contínua. Entendi que a minha
felicidade não poderia tornar-se prioridade, enquanto tivesse uma outra que
dependesse de minhas ações, mesmo que isso causasse-me uma era melancolia e
amargura.
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