A cada
hora, um minuto se passava. Não conseguia fazer nada, nem mesmo a televisão o
entretinha mais. Agonizava no sofá, sozinho e com um sentimento de inquietude
que não sabia de onde vinha. Talvez, se tivesse ido a festa, teria sua cabeça
em outro lugar (se divertindo, talvez?). Porém, escolheu ficar em casa. Sentia
que não estava preparado para encarar o mundo frio que o aguardava. Sentiu que
não estava pronto para ser feliz. Estava sozinho. Sentia-se abandonado, mas não
lembrava de outro sentimento se não a solidão.
Desde que
tudo acabou, tudo tem sido um verdadeiro inferno. Olhava ao redor, mas tudo
estava em preto e banco. Não sentia mais fome, raramente comia. Almoço e janta
já não existiam mais. Faculdade? Estava tão confusa que nem tentava mais
entendê-la. Ia para a aula e voltava, sem desviar do caminho.
Quando
chegava em casa, o dia passava tão devagar que jurava poder sentir a terra
fazendo se movendo. Durante todo o resto do dia, aguardava um sinal. Um sinal
de que ela estava pensando nele. Uma mensagem, uma ligação, uma atualização de
status, uma música solta... Qualquer coisa. Um pouco difícil de acontecer, já
que ela tinha encontrado alguém para substituí-lo. Já não tinha mais o direito
de saber onde ela estava e isso acabava com ele aos poucos, pedaço por pedaço.
"Com quem está?" "Está bem?". Seu tempo não incluía mais
dar atenção a alguém que não tinha mais importância. Um fardo para a sua
felicidade própria.
Mesmo
assim, esperava. E esperava. "Ela deve estar dormindo", pensava. Mas
aí, via que estava online na rede social. Após eliminar todas as desculpas
possíveis, se dera conta. Se dera conta que Tom não era mais o centro das
atenções. Não estava nos favoritos do celular dela. Não era com ele que ela
mais conversava agora. Não era com ele que ela andava de mãos dadas. Ele não
existia mais. Era só um fantasma de seu passado, que a assombrava.
Nada
tinha atingido Tom tão forte quanto aquela realização. Percebeu que sua
presença não era mais necessária. Percebeu que todos poderiam seguir com suas
vidas. Percebeu que, novamente, estava sozinho.
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