terça-feira, 9 de abril de 2013

O ciclo das relações.

Já fora feliz uma vez. A porta tinha sido fechada e os passos se desvairam naquela tarde. Não sabia mais o que fazer. Tentou escrever, primeiramente. Tirar aquilo tudo dos ombros, compartilhar com seu imaginário algo que ele já sabia e assim por diante. Nada. Ainda sentia como se algo estivesse faltando (você, meu bem). Procurou por outras pessoas que partilhassem seus problemas. Relatos pessoais e histórias melancólicas. Nada. Tentara telefoná-la. Sua voz era um tranquilizante natural para seus ouvidos. Como você se sentia, ma vie? Nada. Caixa postal. Todas as oito vezes. As músicas não conseguiam mais confortá-lo. As melodias o incomodavam cada vez mais, o que o fez perder seu maior aliado. A cada dia, ficava mais difícil. Onde está você, querida? Suicidou-se, por fim. Encontrou um estado de paz, sentindo-se livre para chorar e se amargurar, sem arrependimentos. Nada. Acordou. Viu que eram uma hora da madrugada e percebeu que dormiu toda a noite. Sem sono, começou a imaginar. Sonhar acordado. Lembrou de momentos que estavam esfumaçados de seu passado, momentos em que ele se sentia plenamente feliz. Chorou. Que mal faria? Ninguém estava olhando. Chorou por alguns minutos. E dormiu. Dormiu com seu rosto molhado. Na tarde seguinte, tentou levar a vida. Andou pela rua, observando as pessoas. Observou seus comportamentos, quem sabe não via alguém triste? Nada. Olhou ao seu redor e somente encontrou pessoas também levando a vida. Algumas poderiam ter estado na mesma situação que ele na noite passada, mas hoje estavam lá. Caminhando. Como se nada tivesse acontecido. E percebeu. Percebeu, então, que a vida era isso. Uma grande máscara. Vestia-se sempre antes de sair pela rua. Ninguém veria seu rosto amassado, ou seu olhar pesado. Vestiu-se. E viveu.