sábado, 31 de maio de 2014

Desabafo.

Queria ter um botão que, se pressionado, levar-me-ia para o futuro. Qualquer época de minha escolha. Estou visivelmente cansado desse presente. Meus motivos se foram junto com ela e parece que zero fodas foram dadas. Foi como “Olha, eu tô indo aqui e espero que fique bem!” e só. Está lá agora mesmo em outra vida, diferente da que planejamos por tanto tempo. O que algumas palavras não fazem, hein? Estou naquele famoso limite entre realidade e fantasia. Vivo sonhando coisas que nunca irão acontecer, mas que mesmo assim voltam a me assombrar todos os dias. Realmente queria que isso fosse um pesadelo, daqueles que você acorda no meio da madrugada, todo suado (não que eu não tenha tido alguns desses). Nunca acreditei nessa coisa de a amizade não poder existir entre homem e mulher, principalmente se já tiveram uma relação antes. Não sei mais o que pensar. Toda vez é a mesma coisa: eu olho para ela e meu coração acelera, como se ela fosse meu anjo, que me salvaria daquele terrível lugar. Depois, todos aqueles flashbacks que ficaram na memória, martelando sua cabeça até você dizer chega. Dá saudade. Muita. Até que ponto o amor platônico existe? Ou é só mais uma farsa para acreditarmos em finais felizes? Fui enganado novamente? É só uma tática para me manter calmo e acreditar na volta da amada?
Tantos livros me ensinaram o verdadeiro significado do suposto amor, toda aquela baboseira clichê de sempre. Odeio você, Nicholas Sparks. Fez-me acreditar nesse amor eterno, enquanto ele acabava bem debaixo do meu nariz. Para que serve a fantasia, então? A realidade é outra coisa. É nua e crua, sem essa de beijo no final. É no máximo um abraço e até mais ver. Teve um relacionamento longo e acabou? Quem liga. É normal! Parte pra outra, amigo! Ela não é a única mulher no mundo! Ah, realidade... Seria tão fácil se os livros fossem o nosso cotidiano... Mesmo tendo aquelas tristezas, você saberia qual seria o final. Você aguentaria a dor, pois algo muito melhor de aguarda lá depois do túnel. Quebra de realidade. Você não sabe o amanhã. Não sabe o que vai acontecer. Pode amar alguém com tanta força que nem sua alma aguente, e essa pessoa pode simplesmente ir embora, ou até morrer. Trágico! Precisamos de algo para acreditar, mundo! Não podemos continuar nessa de ir cegos até onde der. Não dá! É muito sofrimento. E eu não sou forte o suficiente. Dê-me uma luz, por favor. Estou implorando, de joelhos até. Dê-me uma certeza, ao menos uma vez na minha vida. Só quero ter certeza de que dias melhores virão. De que não ficarei aqui, preso nas memórias e lembranças do passado o resto dos meus dias.

Dia 31 de Maio, 2014.

Querido diário,

nunca pensei que chegaria o dia em que pessoas que eu conheço há menos de um ano estariam mais preocupadas comigo do que as que me conhecem há oito. Obviamente, também não esperava que meu relacionamento mais duradouro seria fadado ao fracasso, queira eu quisesse ou não. Recebi diversos conselhos, todos me dizendo para eu continuar na minha vida, sem olhar para trás. É o que eu deveria fazer, certo? Afinal, ela está namorando. Ela está em outro, enquanto eu estou aqui, remoendo-me pelo leite derramado. Tenho ciência de que a maioria dos que me deram tais conselhos, agora têm raiva de mim. Pelo simples motivo de eu não segui-los e claramente permanecer na mesma situação. Acham que eu não estou fazendo nada para sair disso tudo com a cabeça erguida. Vos provo errado. Estou tentando, meus amigos, só que no meu tempo. Acreditem ou não, preciso desse momento só para mim. Preciso sentir toda essa tristeza, antes de finalmente seguir em frente. Preciso gravar em meu cérebro todos os erros que cometi, deixando-me preparado para meu próximo relacionamento. Não, não mudarei meu jeito de ser, pelo simples motivo de estar renegando minha própria existência. Mudarei minhas atitudes e os meus objetivos de vida. Terei consciência de que todos os meus atos resultarão em alguma coisa, algum dia. Podem ser coisas boas, como também podem ser ruins (vide agora).
Comecei meu dia a acordando, como fiz na passada, mesmo com as coisas ainda estando muito estranhas. Não farei isso na próxima. Oferecerei sim uma carona, mas não ligarei. Temos agora objetivos completamente distintos, em relação ao curso que fazemos juntos, então não forçarei nada. Essa coisa de expectativa está acabando comigo, então simplesmente largarei de mão. Eu imaginava que pelo menos teríamos uma conversa cara-a-cara semanal, mas acabamos ficando naquela de “Ei, eu acho que te conheço, mas não tenho certeza.”. Também não perguntarei mais sobre seus paradeiros, ou mesmo planos. Aprendi que quem não quer falar, não fala ou dá um jeito de acabar com a conversa. Não forçarei conversa com quem tem alguém para ficar no fim do dia. Afinal, deve ter mais assunto com ele, não? Sou chato e ela não precisa mais conversar só por me namorar. Sou o passado e ele é o presente. Não reclamo. É só a vida. E ela está ai para me testar. Estou disposto a aceitar esse desafio.
Ela não foi direto para a casa, fazendo um desvio no metrô. Sim, existem inúmeras possibilidades para o que ela possa ter feito, mas é claro que irei imaginar o pior cenário. Não sei onde seu namorado mora, então fico desnorteado com a possibilidade dela ter ido na casa dele. Se estar até agora lá. De... É. Não irei perguntar. Ela odeia quando eu faço (ou odeia ter que me responder tais coisas). E também não quero saber. Pelo menos não agora. Sim, sou o maior curioso deste planeta, e isso muitas vezes me faz passar por situações as quais nunca quis. E não quero de jeito nenhum ter essa informação na minha cabeça. Como ela mesmo disse, existem coisas que são melhores não serem contadas. (uma desculpa dela para não contar e não querer me envolver no seu relacionamento).
Sim, Tom, estou perdido. Nunca estive tão perdido. Não era uma coisa que eu contava para acontecer, mas aconteceu. Mas, isso não me derrotará. Não de novo. Se tem uma coisa que aprendi sobre meus relacionamentos é que sempre dou a volta por cima. Dessa vez não vai ser diferente. Foram os dois melhores anos da minha vida que passei ao lado dela, mas acabou. Sou somente um jovem de dezenove anos e tenho uma vida toda pela frente. Tenho todos os meus sonhos na palma da minha mão. Ninguém vai tirá-los de mim. Ninguém. Sim, eu mudaria meus planos para ficar com ela, mas isso não vai acontecer. Então, seguirei com o roteiro. Espero que tenha um final feliz.


Atenciosamente,
Victor Luiz.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Dia 30 de Maio, 2014.

Querido diário,

estou oficialmente sem assunto para tratar aqui. Falar com você me ajudou bastante a enfrentar esse momento, mesmo que eu ainda esteja perdido. Antes, eu considerava um milhão de coisas, principalmente sobre o meu futuro. Agora, estou somente vivendo cada dia. Sem expectativa, sem planos, sem nada. Não gosto de viver assim, mas acho que é o jeito.
Eu chegava a acreditar que tudo isso era parte de uma brincadeira muito bem articulada, por parte dela. Já pensou? Esperar o dia em que ela fosse gritar “Te peguei, babaca!” e me abraçar? Sim, eu acreditei nisso. E também percebi o quão patético isso soava. Ia ser sofrimento na certa, Tom! Mas, finalmente descartei isso. Não valeria a pena. Não me entenda errado: eu esperaria sim por ela, mas a volta seria um grande SE, e não estou disposto a prolongar ainda mais meu sofrimento. Então, optei por ficar aqui, no meu canto. Vivendo minha vida quieto e pensando em outras coisas. É difícil? Claro que é. Chega a ser impossível as vezes, vide minha saída de ontem. Mas, vou vivendo. Vou tentando. Se eu não tentar, quem vai fazer isso por mim?
Acho que a aceitação caiu na mente, por incrível que pareça. Eu achava que isso fosse ser impossível, mas meu cérebro deu conta de bloquear diversas imagens que eu não queria ver. Ainda estou tentando treiná-lo, então é um processo em desenvolvimento. Nada que o tempo não possa me ajudar. Afinal, o tempo é o que importa, não é mesmo? “Dar tempo, ao tempo!”. Cansa você ter aquela preocupação quase psicótica e nunca ter a resposta que você quer. Você claramente vê que a pessoa não liga/não quer a ponto de prolongar uma conversa. São sempre as mesmas respostas, seguidas de expressões nunca antes usadas por ela. Tanto faz. Ninguém gosta de ser saco de pancadas. E eu não sou diferente. Nunca fui forte. Aguentei até onde deu. Atingi meu limite, assim como ela. Agora, estou na fase do famoso “tanto faz”. Não quer falar? Tanto faz. Não tem tempo para mim? Tanto faz. Quer ir ser feliz sem mim? Tanto faz. Quer ir transar com outros caras? Tanto faz. Não vou ser que vou ficar segurando alguém, ainda mais quem não quer ficar.
Devo confessar que quase esqueci de escrever para você, Tom. Hoje, pelo menos após eu acordar de meu sonho, não pensei muito na minha situação. Meu cérebro deu uma trégua, mesmo que tardia. Mas, ei, não se preocupe. Estarei aqui amanhã, até que eu me sinta seguro o bastante para não voltar. Tenha uma ótima Sexta, Tom.


Atenciosamente,
Victor Luiz.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Conselho próprio.

Mas, quer saber? Confio em mim mesmo. Depois de arrumar minha trouxinha de roupa e sair de lá, vi-me com diversas possibilidades a minha frente. Afinal, já tinha estado ali. Já tinha sido chutado e deixado de lado. É a vida, não é? Então, que tal fazer uma piada? Vamos, você consegue. Dê aquele sorriso que sempre dá e invente uma piada no improviso. Faça as outras pessoas rirem, como é de costume. Ria você mesmo, se precisar. Você tem só dezenove anos, cara! Tudo bem, não conseguiu estar com quem queria, mas o que se pode fazer? Viva a vida! Ela está aí para ser vivida! Chega dessa tristeza contínua! Chega de ficar na cama o dia todo! Vá para a faculdade. Estude. Converse com seus colegas. Faça novos amigos. Saia com seus antigos amigos. Saia para beber e ria da sua amiga bêbada. Ande na chuva, como se nada acontecesse. Você não pode ficar com essa cara de carrancudo, cara. Foi bom? Sim, foi ótimo. Mas acabou. Ela mesma disse isso. Vai fazer o que, implorar? De novo? Se toca, cara. Ela já partiu e ainda deixou um bilhete. Só falta você.    

É Segunda-Feira, amor!

                Hoje eu acordei com medo. Engoli seco, cerrei os olhos, custei levantar. Acordei com um medo impossível. Medo de andar e cair, medo de atravessar a rua, medo de deixar de respirar de repente, medo do coração parar de bater. Senti medo do tempo. Medo de que os dias não te tragam. Medo de acordar todos os dias, olhar para o lado da cama e não te ver mais. Que agonia, amor. Que desespero. Preciso tanto de uma voz que me conforte, que me afague a alma sem arranhar, preciso de dormir em braços quentes que me protejam do vento e da saudade. Volta depressa. Tá dando medo ficar sozinho. Hoje eu acordei me sentindo um garotinho preso em um quarto escuro. Traz nossas estrelas pra clarear o breu, traz você de volta e faz o medo passar. Vem que eu preciso dizer o tamanho do amor que não me deixa.

Você me disse para levar minhas coisas.

Mas aí, me perguntam, de que vale a mudança por alguém? Vos digo que, pra tudo na vida, mudanças são necessárias. Seja andar na outra calçada, ou esvaziar o coração. Uma hora ou outra, tu vais encarar a vida, te forçando a mudar, ou mesmo alguém te cobrando o aluguel. Ninguém é o mesmo a vida toda. Querendo ou não, as mudanças te alcançam, não adianta correr. Quem decide se a mudança vale à pena, ou não, é você. Só você. Foi-se o tempo em que as pessoas te davam tapinha nas costas e te consolavam. O mundo mudou. Nós mudamos. Ficamos mais amargurados e com menos fé nos outros. Culpa de quem, devem se perguntar. Ah! A culpa é de todo mundo. Com tantos amores sendo desfeitos à toda hora, quem é que não tem culpa no cartório? Virou rotina. Os sobreviventes, os tais românticos, vivem por aí, escondidos, com medo de pegarem a doença da tristeza. Não, eles também não são santos não! Fazem besteiras também. Erram. Mas esses não deixam de acreditar no amor, ou pelo menos no ideal dele. Esse aí, nascem e morrem levando consigo a esperança de achar alguém que se possa ver nos olhos aquele brilho que tanto falta no mundo. Um tal brilho que hoje deve valer milhões, no interesse humano. Só não é mais raro que mendigo ganhando trocado.
O que deve-se fazer, então? Ixi, sei não. Se alguém aí descobrir, me dá um toque! Mas não demora muito não, já já tenho que apagar o abajur, fechar o livro e ir dormir!

Confissão adolescente.

E, finalmente, você se cansa dos obstáculos, da dificuldade imposta por nós mesmos. Tudo o que queres é uma vida simples, sem nada pra que te atrapalhe, pois a vida já te exigiu de mais. Te exigira tanto que ficaras carrancudo, contento com a realidade fria e cruel. Sonhos já não fazem mais parte da rotina, estão ali, guardados, no fundo de algum lugar. E culpados é o que não faltam. Na verdade, todos somos culpados. Entramos nessa indisplicência do dia-a-dia quando aceitamos o mais simples. Até mesmo os corajosos - sim, aqueles que lutavam até o fim - hoje se encontram em algum bar de esquina qualquer, tomando um porre. O restante, reside em suas casas e até ousam teimar com o destino, enfrentando as tais barreiras invisíveis da felicidade. Alguns se dão bem (poucos), outros saboreiam o amargo sabor da derrota, da solidão. Mas quem aqui é de ferro? Alguém aí tem prazer em ser saco de pancadas? Talvez até tenha, mas eu não. Essa coisa de sacrifício em troco de nada não é comigo. Por que um dia você olha para si mesmo no espelho e vê alguém que aparenta ter o que, cinquenta anos? Nem meus pais se mostram tão cansados assim. E aí, você começa a se questionar se vale a pena toda a autoimolação, se o seu suor está sendo direcionado para algo que você, daqui a alguns anos, vai olhar e dizer: "Sofri, mas não me arrependo de nada!"

Dia 29 de Maio, 2014.

Querido diário,

há um tempo atrás, escrevi uma carta que seria entregue ao meu filho, quando o tivesse. Não me entenda mal, era uma época totalmente diferente e minha visão sobre o mundo ainda se encontrava nos livros de romance. Desde lá, mudei. Tanto física quanto mentalmente. Então, farei mudanças nesse texto. Ou melhor, escreverei uma carta diferente, que condiz com minha atual realidade e visão sobre tudo. Espero que não se importe.

“Querido filho,

você deve estar recebendo essa carta um pouco antes da sua pré-adolescência. Caso contrário, meu coração ainda é mole demais e adiei esta entrega. A questão é que minha primeira carta para você não condizia em nada com a realidade. Digo, ainda acredito que você será uma ótima pessoa, ainda mais se depender de mim. Te guiarei até o momento que você tiver seus próprios caminhos. E, após isso, ainda te darei conselhos, se precisar. Espero que não precise, sou horrível nessas coisas. Mas, se realmente precisar, estarei lá por você e tentarei o meu máximo.
                Ao ler a carta antiga, percebi que não tenho controle sobre o meu futuro, muito menos do seu. Posso nesse exato momento ser um pai solteiro (espero que não), então escreverei essa carta individualmente. Se o acaso estiver a meu favor, você pode ainda receber a terceira versão, de preferência com sua mãe incluída. Enfim, o que eu quero dizer é que não medirei esforços para que você seja feliz, desde o seu nascimento até seus últimos dias. Você perceberá que a sua adolescência será uma época bem dividida: felicidade e tristeza. Espero que você tenha pouca experiência na segunda parte, mesmo que nem eu nem você possamos controlar. É certo que você terá alguma decepção na sua vida, ainda mais amorosa. Mas, filho, não temos controle algum sobre nossos corações. Só podemos nos preparar para quando isso acontecer. E, depois, nos reerguermos.
Você terá um amor platônico. Irá olhar para a pessoa como se ela fosse a única de nossa espécie, esculpida de uma maneira perfeita, sem erro algum. Você imaginará toda uma vida com ela, até a cor dos olhos de seus filhos. Você se entregará totalmente ao amor de vocês dois. Estará a deriva de todas as suas ações, mas sentirá seguro mesmo assim. Você irá confiar nela. Você não terá medo de cair, pois terá ao seu lado para te segurar. Ela será a pessoa que fará com que viver valha a pena. Você acordará, todos os dias, pensando em encontrá-la. Levantará de sua cama, tão quente e aconchegante e irá tomar um banho gelado, preparando-se para encontrá-la. Pode ser que isso não aconteça na sua primeira paixão, mas não desista de procurar. Pode ser que você tenha diversas paixões, e que em todas elas você pense que tenha achado a pessoa certa. E, confie em mim, isso pode mudar você. Pode te machucar de uma maneira que você nunca imaginou. Falo isso pois já passei por isso. Já vi meu amor sair pela porta e nunca mais voltar. Já vi ela ser feliz com alguém que não era eu. É uma dor que eu não desejo ao meu pior inimigo, meu filho. Se você um dia chegar nesse ponto, eu estarei aqui para você. Não hesite em me chamar para conversar, ainda mais sobre assuntos que envolvem o coração. Sempre tentarei te ajudar. E, quando não conseguir, sofrerei junto de você. Porque você é meu filho. E eu te amo.
“Quando encontrar a pessoa certa, você vai entender porque todas outras deram errado.” É um clichê bem forçado, mas é a verdade. Não se abata com a sua primeira tentativa, há muitas situações que ainda virão, pessoas que você ainda conhecerá. Acredite no destino, se precisar. Agarre-se a esperança. Todos precisamos crer para continuar. Você conhecerá uma pessoa que te fará feliz, sem exigir nada em troca. O amor entre você será capaz de quebrar todas as barreiras, mesmo que elas sejam enormes e espessas. Se você realmente amar essa pessoa, fará tudo para ficar com ela. Tudo. Mesmo que isso signifique se machucar no processo. Não tenha medo de cair. Vá com tudo. Não poupe nada. Expresse todo os seus sentimentos, sem ponderar no resultado. Vá e faça. Te garanto que se for para ser, será. Se não, essa é a vida. Você terá outros momentos e crescerá junto com seus erros. Irá se tornar maduro e experiente nessas coisas, até acertar. E, o mais importante de tudo: ame-se. Para tudo isso funcionar, você precisará ter amor próprio. Tenha você como prioridade, até achar alguém que valha a pena dividir sua vida. Você comandará sua vida. Não vai ser eu, sua mãe, seu tio ou primo que irão te dizer o que fazer. Você é responsável pelos seus atos. Não se esqueça que esse mundo pode ser muito cruel, meu filho, mas que também pode te trazer uma imensa felicidade.


Com todo o meu amor,
Victor Luiz.”

Uma antiga carta à minha antiga amante.

Alô, você está ai? Eu tive que levantar da cama só pra falar isso, não deu. Se eu pudesse, te mostraria uma parte do meu diário do dia cinco de Junho de 2011. Verias o quão alegre ele ficara, de uma hora pra outra. E o motivo - ó motivo - era você. Uma boa parte da minha rotina depois daquele dia se resumia em você, seja lá em lembrança ou saindo de um play. As coisas teriam sido melhores se não tivessem as tais famosas barreiras. Mas, o que seria da vida sem os seus empecilhos? Digo que seria fácil, e o fácil é chato. Não tem aquele gostinho de abraçar alguém depois de tanto tempo ou de reviver momentos que nunca mais voltam. Eu realmente não consigo escrever nada para você, ou sequer esboçar em uma folha de caderno. É difícil, são muitas coisas passando na minha cabeça, tanto que ocupam a minha mente de uma forma que nem eu sei explicar. Sei lá, me dá um branco quando o assunto é você. Quer dizer, o que posso falar? Finito ou infinito, não espero. Quero só que sejamos felizes enquanto der. E, quando não der, que vivenciemos o passado novamente. E que te amo, tanto, mas tanto, que não consigo mais viver sem ter você.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Pesadelo acordado.

Te vejo
e te quero.
Te olho
e te desejo.
Toda vez que penso,
vivo outra vez.
Minha rotina é essa:
conversar com você
aqui
na minha imaginação.
Se você está aí,
improviso.
Sonho e
rapidamente
te tenho.
Olho minhas mensagens
como quem só tem
mais alguns minutos de vida.
Espero sua voz
como um surdo espera
ouvir o primeiro som.
Te procuro na rua
como se só você
existisse.
Se isso não é amor
o que é então?
Sofrer também é amor.
E sofro.
Sofro.
Sofro até não
poder mais.
Estou a deriva
do nosso amor
que está por ai
passeando
de férias.
Espero aqui
na minha cama
ainda vazia com sua ida,
seu corpo
para me esquentar
nesse frio que é
minha vida sem você.

Dia 28 de Maio, 2014.

Querido diário,

hoje foi o meu primeiro dia fora da minha cama. Digo, por vontade própria. Foi também a primeira vez que fui ao cinema como solteiro, em quase três anos. Eu fiquei animado com a ideia de finalmente sair de casa e esquecer um pouco tudo o que está acontecendo. Devia ter imaginado o que aconteceria.
Até a metade do filme, tudo ocorreu bem. Me desliguei totalmente do mundo que eu habitava e somente assisti a telona. O problema foi ouvir todos os beijos sendo dados ao meu lado, por casais diversos. Foi duro ouvir aquilo e saber que não tenho mais alguém comigo. Antigamente, eu ria disso, dizia que as pessoas precisavam respeitar os outros que estavam no cinema e guardar suas afeições para mais tarde. Porém, nunca tinha percebido o quanto isso faria falta para mim. Essa demonstração de afeição. Ter essa afeição. Mal consegui prestar atenção depois disso, sempre ouvia aqueles estalos típicos de beijos rápidos. Sempre me lembrava de tudo. De como era ter alguém para agarrar no cinema e roubar beijos. Fiquei triste, mas não demonstrei. Não queria estragar mais uma noite.
Saindo da sala, me deparei com um fantasma. Na minha frente, ali, parada, estava ela. Não tive como me preparar. Meu coração parou por cerca de três segundos. Respirei e pisquei. Vendo melhor, não era ela, só tinha o mesmo tipo de cachecol que ela usava. A partir daí, comecei a vê-la em todos os lugares, sozinha, acompanhada, muitas vezes com roupas parecidas. Chegou um momento que simplesmente parei de andar e olhei para cima. Vozes ocupavam minha cabeça. Frases aleatórias, memórias, todas com uma só voz. Pensei em ir pra rua e chorar, já que estava chovendo. Realmente pensei. Mas acho que já estou seco por dentro. No máximo, iria ficar como estava. Respirei e pisquei novamente. Olhei para frente e segui. Não olhei para ninguém, só segui. Peguei o táxi mais próximo e vim para casa. Me arrependo de ter ido, Tom. Eu pensei que hoje seria um dia para ficar longe de tudo, mas só consegui ficar mais perto ainda. Senti medo de encontrá-la ocasionalmente e ver o que não queria. Toda esquina era isso. Aquele frio na barriga de ver o que a sua mente já sabia. Não aguentaria. Provavelmente entraria em colapso e cairia ali mesmo, no chão.
Não sei mais o que fazer. Essa tentativa me fez repensar tudo o que eu pretendia fazer. De que adiantaria seguir em frente? Me diga. De que adiantaria acordar um dia pensando que estava bem e sentir um desespero ao ver sua sombra na rua? Está tudo muito confuso, Tom. Estou perdido. Mais do que já estava. E parece que ela não percebe isso, ou que finge muito bem não perceber. Parece que a cada dia ela se afasta mais de mim. Tenho a impressão dela achar que eu não a amo, ou que não estou sofrendo por ela. Sei que fiz muita besteira com ela, mas o que posso fazer? Não há mais nada a se fazer? Somente essa escuridão contínua que me ronda? Não tenho palavras para medir o quão arrependido estou de ter a feito sofrer durante todos esses anos. De não estar mais presente por ela. De não dizer que a amava o suficiente. De aceitar um convite seu e depois recusar, em cima da hora.


Atenciosamente,
Victor Luiz.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Dia 27 de Maio, 2014

Querido diário,

queria pedir um conselho a você. Acho que cheguei no momento da aceitação após um término de relacionamento. Antes disso, eu cheguei até a achar que isso tudo era uma grande brincadeira por parte dela (embora de mau gosto) e que alguma hora ela iria me contar. Não percebi o quão idiota isso soava. A minha rotina está literalmente quebrada. Faltei a mais uma aula e acho que posso estar encrencado, ainda tenho que conversar com minha professora. Ela é a única professora com quem eu tenho uma afeição, mas ainda assim temo por uma reprovação. Não sei exatamente o motivo da minha falta. Acordei antes do despertador, como tenho feito essas semanas, esperei-o tocar e desliguei-o. Fiquei deitado por cerca de quinze minutos e declarei como morto esse dia. Novamente, passei o dia inteiro sem fazer absolutamente nada. Assisti duas temporadas de um sitcom, ontem e hoje, e só. E, é claro, esperei por aquela ligação que iria mudar minha situação. Esperei por muitas coisas, na verdade. Esperei pelo balãozinho do chat ficar vermelho. Esperei ouvir sua voz. Esperei um “sinto sua falta”. Esperei que o dia passasse, na esperança de uma noite melhor. Em vão.
Perdi mais um dia. Podia ter feito alguma coisa, qualquer coisa. Até o cinema, com vários filmes em cartaz. Mas escolhi mofar dentro de casa. Escolhi não perder a possível chance dela me contatar de alguma maneira. Fato é: estou ficando louco. Essa espera me mata a cada minuto que passa, ainda mais com nenhuma melhora na situação. Olho freneticamente para o celular, meu feed e minhas mensagens. Cada vez que olho, fico desapontado. Estamos no mesmo lugar há três semanas. Parece que somos dois conhecidos, com pouca ou nenhuma intimidade. Sempre tenho a impressão de estar atrapalhando-a em alguma coisa, ou irritando-a, então dificilmente consigo prolongar algum assunto. Eu quero. Sempre quero conversar com ela, mas não consigo. Parece que agora temos essa barreira entre nós. É simplesmente horrível viver assim. Cultivamos uma amizade de oito anos, para terminarmos assim. É triste.
Também vi coisas que não queira. Na verdade, acho que era só uma questão de tempo até ver. A intimidade entre ela e o namorado cresce, enquanto a nossa continua enterrada. Ela me disse que ver seria muito pior do que imaginar. Acho que estava certa. Tentei me preparar para as mais diversas situações, até mesmo encontrar com eles na rua. Ela não quer que isso aconteça, mas sei que vai. Ou ao menos irei ver, um dia, a aliança deles colocada na sua mão. Vai ser brutal, obviamente, mas nem eu nem ela podemos evitar. Sei que eles são namorados e por isso tem intimidade. Sei que se beijam. Sei que se abraçam. Sei que se confortam. Sei que conversam sobre trivialidades. Sei que dizem afetos um ao outro. Eu sei. Estou ciente. Não sou idiota e não quero ser tratado como um. Odeio essa pena que às vezes ela me demonstra, como se dissesse: “Coitado, não queria que você soubesse disso” ou “Sei que você vai achar alguém”. Se estão namorando, é porque gostam um do outro, tanto ela, como ele. É hipocrisia querer me convencer do contrário. Já disse isso para ela: se quiser namorar, namore. Mas, se for fazer isso, não finja que não está.
Acabaram de me ligar. Obviamente, meu cérebro iluminou-se todo e procurou por meu celular em todos os lugares. Fiquei frenético, ansioso por finalmente poder ouvir sua voz. Você sabe de quem eu esperava uma ligação. Porém, mais uma vez, decepção. Mais um balde de água fria.
Não sei se estou paranoico, mas tenho a impressão de ter alguém lendo nossas correspondências, Tom. Não acho que seja ela, mas acho que já não sei mais de nada. Queria poder saber quem é (e se existe mesmo).
Voltando ao início, qual conselho você pode me dar? O que devo fazer com relação a tudo? Esperar mais? Esquecê-la de vez? Entender que seremos somente “amigos”? Estarei esperando sua resposta. Quando a tiver, sabe onde me procurar.


Atenciosamente,
Victor Luiz.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Dia 26 de Maio, 2014.

Querido diário,

é possível alguém querer tanto uma coisa, a ponto de sonhar e acreditar veemente que é verdade? Mesmo após acordar? Eu realmente achava que não. Que era pura bobagem e que era preciso somente deixar de pensar no assunto. Provei-me errado.
Eu não costumo lembrar muito dos sonhos que tenho, salve alguns que me marcaram de alguma forma. Uns tenho periodicamente, outros deixam-me tão abalado mentalmente que tudo o que consigo fazer é encarar o teto por alguns minutos. “Isso foi real ou não?”. Francamente, já não sei mais distinguir sonho e realidade. Acho que desisti após tantas repetições de situações que nem sequer haviam acontecido. Volte e meia me pegava olhando para um ponto fixo, pensando: “Eu já estive aqui?”, mesmo sem nunca ter cogitado estar naquele lugar, ou sequer conhecido. As coisas pioravam quando as situações não eram assim tão boas, vide meu próprio término de namoro. Isso me levava a crer em diversas questões, como destino e “tudo está premeditado”. Será que está? E se estiver? Posso mudá-lo? Quero mudá-lo?
Meu último sonho me fez acordar assustado. E suado. Muito suado. Por alguns momentos jurei que aquilo tinha acontecido no dia anterior. Infelizmente, não aconteceu. Ela estava tão linda, Tom. Usava o vestido azul que compramos juntos, após uma grande relutância por sua parte. Eu amava aquele vestido: acentuava tudo o que tinha que acentuar sem corpo milimetricamente esculpido de morena, sem passar nenhuma mensagem errada. Sem contar que combinava com suas mechas no cabelo, de mesma cor. Era coisa de outro mundo, posso te garantir. Pena só ter visto em uma ocasião. O sol realçava seus olhos cor de mel, que me miravam fixamente. Ela parecia apreensiva, querendo contar alguma coisa, mas ainda procurando as palavras certas. Em um certo momento, segurou minhas mãos e me puxou para um abraço. Ficamos ali, parados, por cerca de três minutos, sem falar absolutamente nada, somente ouvindo nossas respirações. Deitou sua cabeça em meu ombro e colocou seus lábios ao lado, sussurrando: “Estou grávida”. Lembro de ter um milhão de coisas passando pela minha cabeça, mesmo sonhando. Logo, raciocinei o mais óbvio: a criança não era minha e ela quis me dar a notícia pessoalmente. Fiquei com muita raiva, na verdade. No sonho e fora dele. Sei disso pois, quando acordei, estava com o corpo e, principalmente minha cabeça, extremamente quentes, apesar de fazer dezoito graus lá fora. A realização de que ela tinha se relacionando com outra pessoa e ficado grávida me fez querer sair daquele abraço e matar a primeira pessoa que eu visse na frente. A raiva tinha me dominado completamente, mas fiz um esforço para controlá-la. Afinal, eu tinha me comprometido a apoiá-la em qualquer situação. “Ele já sabe?”, perguntei, ainda recuperando minha voz, tentando parecer o mais calmo possível. “Não, você é o primeiro a saber”. Fiquei inquieto com aquela indagação, por motivos óbvios. “Eu acho que o pai deveria ser o primeiro a saber”. Ela tirou sua cabeça de meus ombros e voltou a me olhar fixamente. Pude novamente ver aquele rosto tão perfeito a poucos centímetros de mim. Uma parte de seus cabelos cobria a parte direita de seu rosto. Eu amava como ela ficava desse jeito, mas coloquei-os de volta em seu lugar, atrás de sua orelha, um hábito que adquiri ao longo do tempo com ela. Finalmente, ela inspirou e disse: “Esse é ponto, Vic, você é o primeiro a saber.”. Eu tinha uma resposta pronta, caso ela me dissesse alguma coisa genérica, mas acho que só abri a minha boca e fiquei lá, parado. Eu não sabia se ficava triste ou feliz, Tom. Por um lado, ela poderia querer que nós voltássemos e que eu criasse nosso filho junto com ela, o que eu estaria mais do que disposto de fazer. Porém, ela também poderia só querer me contar e ir continuar vivendo a sua vida normalmente (poderia existir algo como cortesia nesse momento?). Escrevendo isso agora, não tenho ideia de qual poderia ter sido. Acho que nunca saberei.
Eu acordei logo em seguida, querendo voltar e continuar com meu sonho. Somei a raiva de antes com a de não poder voltar para lá. Lendo agora o que escrevi, peço desculpas por isso parecer com uma novela. Não foi minha intenção. Acho que eu só queria compartilhar esse sonho com você. E, claro, manter minha cabeça ocupada enquanto faço. Eu queria poder ter a certeza de que tudo vai ficar bem ou que as coisas vão se encaixar em algum ponto. Que vamos estar tomando um vinho em algum restaurante e lembrando da besteira que foi ficarmos longe um do outro. Eu queria. Mas não posso. Não sei o que vai acontecer amanhã, muito menos nessa semana. Não me entenda mal, sei exatamente o que eu quero que aconteça, mas não sei o que se passa na cabeça dela. Não tenho a mínima ideia. Acho que nunca tive. Mas acho que isso seria simples demais, não é?
Os dias passam devagar, demais para o meu gosto. Tudo o que eu quero que aconteça, não acontece. Será que perdi meu direito de ser feliz, Tom? Joguei minha chance pela janela? Acho que eu e ela sabemos qual a resposta. O que devo fazer, então? Não consigo mais ficar assim, tendo conversas que são medidas pela pouca intimidade, limitadas, enquanto almejo por somente algumas frases suas, que acabariam com tudo isso. Quando finalmente temos algum assunto, geralmente termina onde não queremos, voltando para a estaca zero. Eu aqui e ela lá. É isso que a vida reservou para nós? Estou tentando. Fico sempre por perto, para não haver engano sobre meus desejos, mesmo que isso seja contra a ética da situação. Puxo assunto quando eu mesmo sei que não vai dar em nada, ou sei como vai acabar. E não posso ter ódio da situação ou, até mesmo dela, mesmo que isso significasse um impulso para eu sair desse lugar. Odiá-la parece realmente tentador, mas não consigo amar e odiar alguém. Afinal, ela não fez nada de errado, só largou o que achava que a impedia de ser feliz, ou de viver sem ser magoada todos os dias. A vida é dela, e eu não posso impedir que ela viva, mesmo que isso signifique não estar mais com ela. Não posso impedir sua partida. Todos os meus sentimentos por ela estão na mesa. Todos os meus erros estão na mesa. Não há mais nada que eu possa fazer, a não ser ficar por aqui. Esperando. Esperando meu momento de ser feliz novamente. Com ela.
Ela faria isso por mim. Enfrentaria todas as barreiras e continuaria ali, esperando por mim. Passaria por cima da dor que é ver alguém que você ama feliz com outra pessoa. Como já fez antes. E por muito mais tempo do que estou sentindo. Devo isso a ela. Devo isso a nós. Devo isso a tudo de bom que ainda resta dela. Devo isso a minha felicidade de ver seu sorriso.
 Vou ficando por aqui, Tom. Tudo o que escrevo é pra ela, mas não posso forcá-la a fazer nada, muito menos ler algo que possa a deixar mal. Mesmo sabendo que ela não irá ler as coisas que escrevo, pelo menos você pode. Foi um prazer, como sempre.           


Atenciosamente,
Victor Luiz.

sábado, 24 de maio de 2014

Dia 25 de Maio, 2014.

Querido diário,

ainda não é dia vinte e cinco, mas sinto que vou esquecer logo tudo o que quero escrever agora (obrigado, memória). Na verdade, acho que estou viciado em te escrever. Como minhas amizades agora passam por um teste árduo de sobrevivência, e a única pessoa com quem eu me sinto confortável já não tem mais a necessidade nem a vontade de conversar comigo, venho aqui humildemente pedir morada. Sem contar que a situação não permite tanta liberdade entre nós, então a maioria das conversar que temos, fica restritas a alguns assuntos. De vez em quando conversamos sobre nós, mas acho que ambos cansamos de chorar ou de ficar remoendo o passado. Então, acho que só me sobrou você, Tom (desculpe a insensibilidade).
Sábado virou o dia onde eu posso a ver sem que isso torne-se muito estranho. Na verdade, acho que ainda continuar no curso é só uma desculpa para vê-la, ao menos, uma vez na semana. E esse pensamento me levou a outro, que me deixou bastante preocupado. Pelo que entendi, as aulas desse curso que estou fazendo nas manhãs de Sábado terminarão em duas semanas. Assim, o tempo que eu teria com ela por semana equivaleria a exatamente zero, visto que não podemos sair juntos ou algo do tipo. Uma citação que li há um tempo me veio à cabeça logo quando pensei nisso: “Longe dos olhos, longe do coração.”. Não sei de onde é isso, mas não pude deixar de me preocupar com tal possibilidade. Convenhamos: nós temos um mísero tempo por semana para conversarmos cara-a-cara, e mesmo assim ainda estamos a anos luz da intimidade que tínhamos (até mesmo se compararmos antes do namoro). Se esse tempo se extinguir, o que aconteceria? A primeira possibilidade que passa pela minha cabeça é a de ela lentamente me esquecer. Afinal, as férias irão começar, e mesmo que curtas, ainda assim serão um tempo (de provavelmente um mês) no qual teremos um mínimo de contato, nos falando apenas por mensagens (acho que telefone não conta, visto que precisa ter acontecido algo para conversarmos por lá). Nisso, ela terá um bom tempo para descansar e, por que não, curtir a vida. Sem ver a minha cara feia todo Sábado, deverá ter mais intimidade com seu namorado (pararei por aqui mesmo) e essa minha ausência poderá acarretar em uma melhoria em muitos aspectos de sua vida. Resumindo: serei esquecido e ela seguirá com sua vida.
Obviamente, existe também a outra opção, que contraria a anterior. Eu queria realmente que essa opinião tivesse uma mínima possibilidade, mas não sei mais em que acreditar. Digo, um dia estou com cem por cento de certeza que as coisas darão certo e logo tudo voltará ao normal e melhor. No outro, estou totalmente acabado, com uma mísera esperança que às vezes assombra meus próprios sonhos. Não sei como colocar de outra maneira, mesmo que clichê: estou uma montanha-russa de sentimentos. Essa opção consiste na percepção dela que podemos sim reconstruir nosso relacionamento, ou pelo menos começar um do zero (o que se torna difícil com um namorado por perto). Consiste em que nos momentos de ócio, os pensamentos de nós dois a farão acreditar no nosso amor novamente. Porém, sei que para isso acontecer a sorte precisa realmente estar ao meu lado, e que as chances das coisas irem pelo outro caminho são muito maiores (como aconteceu há alguns dias atrás). Me agarro nessa opção com dentes e unhas, todos os dias. Não desistirei assim tão fácil. Não depois de tudo o que passamos.
Espero que dê tudo certo.


Atenciosamente,
Victor Luiz.

Dia 24 de Maio, 2014.

Querido diário,

deixei passar da meia noite depois do meu último texto para fingir que não necessitava escrever para você. É estranho mentir para mim sobre isso. Digo, você é imaginário e não consigo fazer outra coisa a não ser te destinar meus textos. Que tal isso: você vira meu psicólogo e me diz para escrever para você coisas que estou sentindo, a qualquer hora. Acho que assim posso acreditar melhor nisso aqui. Trato feito?
O dia vinte e três de Maio acabou. Acho que todos os dias vinte e três acabaram. Não faz nem um mês que eu os celebrava com alguém importante, e agora estou aqui te dizendo que eles não fazem mais sentindo. Estranho, não? Mas, afinal, o que não é estranho? Sou estranho, para falar a verdade. Minhas ações contrariam totalmente as expectativas da maioria das pessoas que conheço. Quando é pra amar alguém, eu não demonstro. Quando essa pessoa não quer mais que eu a ame, eu a amo e demonstro muito mais do que já demonstrei. Acho que sou realmente louco. O que me diz, sou? Pode me falar a verdade. Percebi que minha mente funciona de uma maneira bastante peculiar, quase que unicamente. Vivo meio que em um universo paralelo, onde tudo está ao contrário. Acharia normal se os carros voassem.
Não te disse, mas acabei ultrapassando alguns limites ontem. Eu fiquei realmente preocupado com ela. Depois de algum tempo sem falar com ela, comecei a ponderar tudo o que podia de acontecer com ela, como se fosse acontecer. Obviamente, havia as opções mais normais, mas acho que isso não existe na cabeça de um paranoico. Tudo o que há de incomum há de acontecer. E foi o que pensei que tinha acontecido. Imaginei que tinha sido sequestrada. Imaginei que tinha sofrido um acidente. Imaginei milhares de cenas, todas minimamente possíveis de se acontecer, mas imaginei. No ápice, procurei por ela de todas as maneiras que conhecia. Liguei para ela. Chamava e caía na caixa postal. Liguei de novo. Mesma coisa. Liguei mais sete vezes. Nada. Mandei mensagem na rede social. Nada. Liguei por Skype. Nada. Finalmente, procurei por amigos dela que podiam saber de algo. Uma disse que ela também não conseguia falar com ela por mensagem. Minha paranoia só aumentou. Falei com outro, disse a mesma coisa. Realmente não sei como não chamei a polícia nesse momento. Eu olhava freneticamente para meu celular, em busca de qualquer sinal dela. Já eram quase onze horas. Normalmente, ela chegava em casa por volta das nove. Procurei pelo telefone dos seus pais. Não os tinha no meu celular, havia trocado de memória. Procurei nos celulares dos meus pais. Nada. Nem o telefone da casa eu tinha. Somente o consegui quando um amigo me deu, após um tempo esperando por resposta. Liguei. Chamou treze vezes (sim, eu contei). A ligação caiu e desligou. Entrei em desespero completo. Ela estava sumida (ou pior) por minha culpa, eu não estava lá quando ela precisava. Eu não estava no telefone com ela quando o sequestrador a levou. Era isso. Eu já imaginava como me comportaria no funeral dela, ou de como seus pais iriam dar a notícia de sua morte para mim.
Ela estava dormindo. Chegou em casa da faculdade e dormiu. Devia ter imaginado (mas acho que não seria eu, né?). Só aí percebi toda a minha trajetória até uma notícia dela. Eu não era nem o namorado dela e tinha quase chamado a polícia para procurá-la. Eu sabia que ela ia ficar com raiva de mim, mas me enganei sobre o motivo. Ela disse que em todo nosso relacionamento, eu nunca havia feito algo do tipo. Nunca tinha corrido atrás dela ao ponto de ficar desesperado com nenhuma resposta. E eu não pude falar que era mentira. O desapontamento dela me atingiu com uma força gigantesca. Eu pude sentir sua tristeza ao falar com ela pelo telefone. Ela não estava com raiva de mim por ter feito aquilo, mas sim por nunca ter feito antes. Ela tinha razão, não havia contestação.
Eu tinha imaginado muitas coisas antes disso (expectativas, como sempre), na maioria assuntos para falar com ela após sua volta da faculdade. O violão que ela sempre quis que eu emprestasse finalmente estava comigo, e eu planejava enrolar um assunto com isso, só para conversar com ela um pouco. Tinha também achado uma sátira bem engraçada sobre sua saga favorita. Ambos os assuntos não duraram três minutos, após tudo isso. Quem podia culpar? Ninguém, a não ser eu mesmo.
Te vejo daqui a pouco. Dependendo de como as coisas forem hoje, ainda devo voltar aqui. Mas, não espere por mim. Pode atender os outros pacientes. Quando for a hora, saberá.


Atenciosamente,
Victor Luiz.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Dia 23 de Maio, 2014.

Querido diário,         

havíamos combinado, há um tempo atrás, que somente voltaria a me referir à você quando eu realmente precisasse. Pois bem, preciso de seus auxílios novamente.
No passado, precisava falar com alguém imparcial que somente me escutasse e que me entendesse, mesmo com todas os meus pensamentos confusos e desorganizados. Desta vez, é isso ou encarar um psicólogo. Porém, ainda não estou preparado para admitir que sou louco. Sou jovem, não posso ser louco. Enfim, pode fazer isso de novo? Sei que faz um tempo, mas me encontro perdido nesse mundo e acho que falar com alguém (mesmo que imaginário) me fará esquecer um pouco de meus problemas. Posso te chamar de Tom? Não lembro qual foi o nome que te dei naquela época. Tudo bem por você? Então, comecemos.
Lembra-se da situação que eu estava? Espero que sim. A festa, Tom. Sim, essa mesmo. Lembrou? Partiremos daí, então. Lembra que fim levou? Pois bem. Continuamos por algum tempo e paramos. Voltamos no ano seguinte, por um caminho levemente conturbado. Vivemos diversas coisas juntos, a maioria muito íntima para eu quebrar o voto de confiança aqui. Enfim, saiba que vivemos belos momentos, que me fizeram muito feliz. Porém, você sabe dos meus problemas. Embora faça muito tempo, alguns ainda permaneceram em mim, meio que grudados à minha alma. O nosso amor era lindo, posso dizer. Lindo mesmo. O início foi como andar sobre pétalas de rosas todos os dias, já que estudávamos juntos. Ficávamos grudados quase que vinte e quatro horas por dia: saíamos juntos, namorávamos juntos, “estudávamos” juntos... Sim, isso me acostumou mal, por um simples motivo: era o nosso último ano de Ensino Médio, então logo mais iríamos tentar entrar em faculdades, provavelmente distintas e isso seria uma barra que teríamos que aguentar. E foi o que aconteceu. Continuamos juntos, mas com uma certa distância criada, sem que nós mesmo quiséssemos.
A faculdade se tornou um grande empecilho em nosso relacionamento. O tempo que antes tínhamos para nos vermos, agora estava restrito aos finais de semana. Tentávamos quebrar isso, mas eu sempre tinha aula às sete e meia da manhã, complicando nossas possíveis saídas noturnas. Você pode ter notado que houve uma abrupta mudança em nossa rotina. Isso gerou brigas, muitas vezes sem fundamentos por ambas as partes, a maioria questionando sobre um realmente querer ver o outro. Se você se lembra bem, em todos os meus relacionamentos eu me entreguei totalmente para o meu parceiro, inclusive para ela quando tivemos o nosso breve, antes. Sim, fiquei relaxado. O fato de ela me amar o tanto quanto me amava me dava uma margem de comodismo relativamente grande. Assim, na minha cabeça sempre conseguíamos resolver nossas brigas, o que não era verdade. Todas as mudanças que pedíamos do outro raramente aconteciam, principalmente com as personalidades fortes de ambos. Sendo assim, deixávamos muita coisa rolar, o que ocasionou em brigas muito mais sérias e igualmente sem resultados. Se você me perguntar, posso até dizer que guardávamos um certo receio no fundo de nós. “Se nada está mudando, um de nós não está fazendo o que deve”. Se era verdade? Realmente não sei. O que sei é que chegou ao ponto de que, principalmente ela, ficamos exaustados com o nosso relacionamento. Até tentamos dar um tempo, à fim de mostrar um para o outro o quanto era importante na vida de ambos, mas em vão.
Obviamente, isso foi um choque emocional tremendo para mim. E sei que para ela também foi, mesmo que ela tenha dito que já sabia que isso iria acontecer. Sim, eu tinha ideia da possibilidade (grande) de acabarmos (principalmente pelos meus erros contínuos), mas acho que no fundo eu não acreditava que isso iria acontecer. Afinal, imaginava-me junto dela até nossa morte. Mas, isso não tira minha culpa nesse término. Com somente algumas palavras diárias, eu podia ter salvado esse relacionamento, e podia até fazer com que ele não precisasse ser salvo. Eram coisas simples que eu simplesmente passei por cima. Assim, toda vez que eu o fazia, eu a magoava, até que ela cansou de ser magoada.
Na mesma semana de nosso término, um rapaz apareceu na vida dela. Não vou dizer que realmente apareceu, até por quê já estava na vida dela, mesmo que há pouco tempo. Ela estava sozinha e magoada, e achou no colo dele um refúgio para tudo aquilo que eu a causei. Justo. Não posso reclamar. Começaram a namorar e até agora estão juntos. Onde estou nisso tudo? Metade de mim quer que ela dê certo com esse cara. Quer que ela tenha uma felicidade que não encontrava comigo há tempo, mesmo que não seja com ele, ou comigo. Essa parte, a apóia totalmente em sua decisão e espera que eles possam ficar juntos até ela se sentir confortável. Também acredita numa reconciliação (mesmo sabendo que novas situações podem surgir, muitos delas ferindo meus próprios princípios), mas a respeita ao ponto de deixa-la fazer suas próprias decisões. Acha que deve isso à ela, depois de tudo.
Eu queria poder dizer que não há um outro lado meu nessa situação. Mas existe. O lado magoado. O lado que não aceita tudo isso que aconteceu e que implora diariamente pela volta da amada. O lado que pensa em ligar de cinco em cinco minutos para ela, perguntando aonde está, se está bem, com quem está, simplesmente por não conseguir ficar bem se não fizer isso. O lado que também faz com que eu imagine coisas que eu não deveria (sei que você sabe do que eu estou falando), pelo menos para manter minha sanidade. Esse lado ignora completamente que agora ela tem um namorado, e que não sou eu. Ignora que ela precisa de espaço e que eu não tenho mais o direito daquela liberdade que antes tanto tínhamos um com o outro. Ignora que ela seguiu com a vida dela.
Hoje é dia vinte e três de Maio, de 2014. Se ainda estivéssemos juntos, estaríamos juntos há dois anos e um mês. Eu tentei me preparar para esse dia, para todas as lembranças e memórias que esse dia iria me trazer. Parece que não foi o suficiente. Mas, estou tentando. Essas horas que passei aqui conversando com você me ajudaram a ficar com a mente um pouco ocupada, ou pelo menos desviá-la das coisas que eu não quero pensar. Não posso te prometer que amanhã voltarei aqui com você, mas garanto que ajudou bastante. Obrigado. Por tudo. Até logo, Tom.


Atenciosamente,
Victor Luiz.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Na rua, perdido.

Depois de 7 anos de caminhos tortos e esburacados, tínhamos de alguma maneira terminado nesse estranho lugar. Tínhamos chegado ao ponto de conhecer cada pequeno detalhe do outro, da aparência ao caráter. Fingíamos que não sabíamos o que o outro iria falar, mas já tínhamos todo o script em nossas cabeças. As reações acabaram por serem repetitivas, sempre caindo na mesma rotina. Não demorou muito pata começarmos a questionar nossas próprias decisões. Vivíamos em um desentendimento constante, brigas começavam onde as outras nem terminavam. Eventualmente, não suportávamos mais as características que antes nos encantavam. O fim foi eminente, chegou com mais força que a morte. Infelizmente, nossos caminhos tomaram curvas diferentes. Sabíamos que nossas emoções sempre iriam geram conflitos, por mais fúteis que fossem.
Magoados, caminharam em direções opostas. Tentaram mais uma vez trilhar seus caminhos pela vida. Um se envolveu com outra pessoa, na esperança de um futuro melhor, ou mesmo de um presente mais estável. O outro, cavou um buraco e se escondeu por lá mesmo. Não tinha ainda digerido os acontecimentos que o assombravam. Estava perdido em meio a milhares de caminhos para seguir. Estava parado. Não andava para frente e nem para trás. Estava parado no tempo, esperando algo acontecer. Só não sabia o que.

sábado, 17 de maio de 2014

São uma e meia da manhã e só consigo pensar em você.

A cada hora, um minuto se passava. Não conseguia fazer nada, nem mesmo a televisão o entretinha mais. Agonizava no sofá, sozinho e com um sentimento de inquietude que não sabia de onde vinha. Talvez, se tivesse ido a festa, teria sua cabeça em outro lugar (se divertindo, talvez?). Porém, escolheu ficar em casa. Sentia que não estava preparado para encarar o mundo frio que o aguardava. Sentiu que não estava pronto para ser feliz. Estava sozinho. Sentia-se abandonado, mas não lembrava de outro sentimento se não a solidão.
Desde que tudo acabou, tudo tem sido um verdadeiro inferno. Olhava ao redor, mas tudo estava em preto e banco. Não sentia mais fome, raramente comia. Almoço e janta já não existiam mais. Faculdade? Estava tão confusa que nem tentava mais entendê-la. Ia para a aula e voltava, sem desviar do caminho.
Quando chegava em casa, o dia passava tão devagar que jurava poder sentir a terra fazendo se movendo. Durante todo o resto do dia, aguardava um sinal. Um sinal de que ela estava pensando nele. Uma mensagem, uma ligação, uma atualização de status, uma música solta... Qualquer coisa. Um pouco difícil de acontecer, já que ela tinha encontrado alguém para substituí-lo. Já não tinha mais o direito de saber onde ela estava e isso acabava com ele aos poucos, pedaço por pedaço. "Com quem está?" "Está bem?". Seu tempo não incluía mais dar atenção a alguém que não tinha mais importância. Um fardo para a sua felicidade própria.
Mesmo assim, esperava. E esperava. "Ela deve estar dormindo", pensava. Mas aí, via que estava online na rede social. Após eliminar todas as desculpas possíveis, se dera conta. Se dera conta que Tom não era mais o centro das atenções. Não estava nos favoritos do celular dela. Não era com ele que ela mais conversava agora. Não era com ele que ela andava de mãos dadas. Ele não existia mais. Era só um fantasma de seu passado, que a assombrava.
Nada tinha atingido Tom tão forte quanto aquela realização. Percebeu que sua presença não era mais necessária. Percebeu que todos poderiam seguir com suas vidas. Percebeu que, novamente, estava sozinho.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Excuse me, informality coming through.

I'm just living it through. I'm not thinking about anything. I’m just waking up and doing stuff. I'm having a hard time. I didn't know I would be this affected with this while situation (obviously I didn't expect her to find someone so soon, but even before it fucked me up).
I used to make plans all the time. My two past relationships were all about that: "Oh we will grow up and have kids and die together beside a fireplace". I barely escaped from the first one. I held on, but I got lost for some time (and this was only a 4 month relationship). Now, I just don't know. Like I don't have many friends (actually I had a big surprise when a old one came up and like stood by me, saying if I needed to talk he would be there) but that's pretty much it. My closest is really busy with college, so I don't think it's a good idea to fill her mind up more. Besides, she has a boyfriend that sometimes gets really jealous, even tough he is my friend.
So I don't really have someone to talk to. And it's fine, because I don't want to. I don't want people asking what happened, because I don't fucking know what happened. It went from 10 to freaking -90 in a week, so yeah, I don't know.
I just need someone to listen to me when I want (I know that sounds super rude, but I just cant be like all friends with everybody just now) and understand that I am going through the hardest part of my life. I mean, two years were just shattered and I don't know how to deal with this. She moved on. She found someone to lay her shoulders on. She found someone to go to bed with and sleep. Or fuck. I don't know. I can't. I'm lost. And no, I don't want to fucking go to a party and hook up with somebody, that's freaking disgusting. I always hated that. If I want to be with someone, it will be either a friend or a friend that I still haven't met.
I am just trying to pick my shit and live through this whole nightmare.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

You can't run from the pain.

Do you know that feeling when you get so angry by seeing something you didn't want to, or didn't expect? Like it goes up your spine and stops at your back, right below your shoulders? Suddenly, you start getting hot and you can't really manage to find a way to stop this feeling. It consumes you, piece by piece. You begin to lose consciousness of your act, your vision slowly fades away. You realize you cannot run away from the things that you will hunt. Her new boyfriend, better than you. Her new happiness, blurring yours. Her new memories, replacing yours. They will be there. Just waiting for you to sit down and find some grasp, or try to sleep for a while. Even in your dreams, they will be there. What should I do, then? Face it? Ignore it? There is no escape. There is no escape at all. All you have to do is accept it is going to hit. And, when it hits, you will be prepared. Prepared to see all your memories, or even imaginations, going through your eyes, wandering.

domingo, 11 de maio de 2014

Confissões de um doente.

A minha vida toda, tive medo de não ser suficiente para alguém. De, apesar de todas as minhas forças, não me restar senão a solidão. Durante muitos anos, ponderava em quão louco eu ficaria quando alguém me substituísse. Tinha a ideia de que a vida não teria sentido, de que atingiria o fundo do poço assim que a outra pessoa resolvesse seguir em frente.
Daqui de baixo, posso confirmar todas as minhas teorias sobre esse momento. Todos os meus medos realizaram-se, me tornando vulnerável às minhas próprias ações. A vida não parece ter mais o gosto de ser vivida. Aquilo que me levantava da cama todos os dias, mostra-se agora inexistente. Pela primeira vez na minha vida, sinto-me perdido. Sinto-me como se não tivesse um futuro que eu pudesse agarrar para continuar. Agora, somente tenho memórias de um passado não tão distante. Eu pensava que a escuridão iria dar-me abrigo, adotando-me para seu ninho de solidão. Mas eu estava errado. Eu sou a escuridão.
Não tinha, porém, a ideia de que mesmo sendo substituído, a felicidade da outra pessoa tornar-se-ia mais importante que minha. Sentia que deveria fazer com aquela pessoa fosse feliz, para compensar seu tempo perdido, sua alma desgastada.
Finalmente, entendi que o amor era isso: uma automutilação contínua. Entendi que a minha felicidade não poderia tornar-se prioridade, enquanto tivesse uma outra que dependesse de minhas ações, mesmo que isso causasse-me uma era melancolia e amargura.

Dear mom,

Hoje é o seu dia, mãe. Não que os outros também não fossem, mas hoje celebramos de maneira social a sua importância em nossas vidas. Obviamente, me irrito muitas vezes com você por diversos motivos, mas você sempre tá comigo quando eu preciso. Você sempre senta do meu lado e me pergunta se está tudo bem mas, mãe, você sabe que eu não consigo mentir para você. Seu olhar penetra o meu tão intensamente que sinto que você sabe de tudo o que aconteceu. Eu espero que não. Não quero que você tenha a ideia de que pode me ajudar. Você não pode, mãe. Ninguém pode.
Me desculpe, mãe. Não sou o filho mais esperto, muito menos o que te trouxe mais felicidade, mas eu amo você. E quero que você não se preocupe comigo. Eu dou conta. Sempre dei.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Suicide note.

Though it wasn't
a real suicide.
I got stabbed
yesterday
and I can still feel
the knife
crumbling around
inside my body.
It happened all over again
in the same way
it wasn't supposed
to happen.
In the blink of an eye,
I was dead again.
In the first one,
I barely escaped.
Some scars still
float on my old skin.
They used to scream
as a reminder of
how bad I can become,
how addicted
I can be
to the darkness.
Don't get me wrong,
I find comfort in it
every time we
have our meet.
But this addiction
can be dangerous,
as our love's was.