sábado, 17 de outubro de 2015

Kettering.

                A última vez em que te vi foi há um tempo. É difícil lembrar-me do tempo exato, levando em conta todo o esforço que fiz para apagar sua existência, então espero que entenda. Eu estava no ônibus, voltando para casa. O cansaço já batia a porta, então resolvi encarar a janela, na esperança de que deixar meus olhos parados compensasse eu estar em pé. Não prestava atenção em muita coisa, quiçá no movimento das pessoas. O clichê mais óbvio aconteceu, e eu logo te avistei na calçada, com as mesmas vestimentas de sempre. Um short curto, uma blusa branca genérica e seu tênis de cano alto. Seu cabelo parecia mais brilhoso, talvez mais azul, mas ainda era o mesmo. Não tive a chance de olhar sua face, mas suponho que não houve mudanças significativas (fora o novo piercing). Nada havia mudado. Você até andava da mesma forma, com a bunda arrebitada.
                Fazia sentido você estar ali, visto que era perto de sua casa, assim como era da minha. Porém, mesmo com toda a lógica envolvida, encolhi-me. Um espasmo involuntário, talvez um mecanismo de defesa, fez com que tivesse medo de você me achar. Medo de você, inexplicavelmente, parasse e olhasse diretamente para mim, em um ônibus em movimento. Nos três segundos daquele encontro, na minha mente, era algo plausível e até bem provável de acontecer. Porém, antes de qualquer coisa, eu já tinha perdido sua silhueta. Pensei em parar no ponto mais próximo e correr até você, perguntar como estava, se a faculdade ia bem, mas percebi o quão patético seria. E o quanto aquilo iria me dilacerar. Era tarde demais. Tudo o que pude fazer foi aceitar seu desaparecimento em meio à rua, na sua pressa de sempre. O ônibus seguiu caminho, e eu fui junto. 

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

I Am Machine.

                I am a copycat.
                I imitate my surroundings in the hope of finding myself.
                I desire other’s insanities, so I can then build one of my own.
                I have no clue if I am original at all.
                I wonder how many ideas I have mimicked.
                I believe I’ve been this since the beginning.
                I can only love if the feeling is existent.
                I can only walk to someone that is already there.
                I gasp to be one.
                I define my life as a compilation of others.
                I am nothing more but a copycat. 

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Breezeblocks.

A calmaria
perante a tempestade,
montando ondas
que quebram lá no fim.

Pensei em pegar no violão
aquele que logo se foi,
mas as ondas
essas já chegavam.

O barco tremia
e água entrava,
a maré subia
e as ondas batiam.

Joguei a bóia
e pulei fora,
se eu ficasse mais
as ondas me consumiam.

Olhei triste
para o meu barquinho,
que de tanto apanhar
a onda levou.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Nomad Motto.

                Por um tempo, desejou que um raio tivesse a fineza de lhe atingir no meio da rua. Pensava que, com a súbita passagem de milhões de correntes elétricas em seu corpo, algo iria mudar. Não tinha a esperança de causar um buraco em sua memória, mas talvez que pudesse ficar em coma, numa cama de hospital qualquer. Deitado, sem qualquer noção de tempo, ignorando as noites virando dias. Inconsciente, somente.
                Quando chegou no seu destino, percebeu que a natureza nada tinha com seus devaneios. Se algo o incomodava, teria que resolver-se sozinho. Sentou-se e pediu um café. Puro, sem o leite de sempre. Imaginou que apenas um café amargo conseguiria ajudá-lo. Pegou seu caderninho e deixou sua bolsa no assento. Leu os garranchos lá escritos, há tantos anos que mal podia lembrar de onde os havia desenhado. Podia observar as folhas já gastas, mesmo com todo o cuidado que mantinha. Ficou alí, olhando para suas letras formando palavras por alguns minutos. Finalmente, deixou sua transe de lado e pegou o lápis. Continuou as histórias, como se nunca tivessem acabado. Escreveu para escapar da realidade que o cercava, inventando finais alternativos, enganando sua velha memória.
                Talvez fosse melhor colocar algumas colheres de açúcar, ao menos. Já estava amargo o suficiente por dentro.  

domingo, 16 de agosto de 2015

C'mere.

O tempo havia parado.
                Eu não tinha feito nada, na verdade. Demorei algum tempo até notar que seu olhar não havia focado em algo, mas sim parado. Observei-o por algum tempo, e percebi o quão inexpressivo era. Não havia mais cor em seus olhos. Seu rosto demonstrava um certo cansaço, provavelmente devido ao longo dia que tivera. Sua mão direita segurava a esquerda com bastante força, tanto que deixava sua palma branca. Seus pés estavam esticados, de um modo que a sola não encostava no chão. Os ombros pareciam rígidos, diferentes dos que eu estava acostumado.
                Durante aqueles minutos, pude notar diversas coisas que não condiziam com a pessoa que eu conhecia há oito anos. Se o tempo não tivesse parado, não iria tomar conhecimento de seu claro nervosismo, mesmo que tivesse passado despercebido por mim. Se eu não conseguia dormir nas últimas noites, descobri que ela também passava pelos seus maus bocados. A dor não era exclusiva minha, embora tivesse diferentes razões. 

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Word by Word.

                Tento entender em como sua voz ecoa em minha cabeça, lembrando toda a falta que você me faz. Se olho para a lua que aparece na madrugada, silenciosa e brilhante, lembro de como você surgia através do portão, mirando-me com olhos cintilantes. Se ando pela rua, procuro pelas suas costas meio longas (ou pela sua bunda). Se estou sozinho em meu quarto, escuto músicas que me lembram os cantos da tua boca, com pequeninas covas. Se leio livros, invento diálogos em que discutimos sobre qual é a melhor comida. Se vejo um filme, imagino seus pés enrolados nos meus, em uma noite fria de inverno.
                Se escrevo, tento de todas as maneiras evitar meu pensamento em você. O que, uma hora ou outra, acaba se tornando impossível.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Brianstorm.

                Você disse que iria em bora, mas insiste que eu implore para ficar. Indefeso, acato sua ferocidade contra mim. Pouco tenho, mas trocaria pela sua permanência. Deixo a porta aberta, caso precise de um lugar. Prenso o celular na minha orelha, para que sua voz fique mais de pertinho. Observo a rua daqui de cima, na esperança de te ver por aí. Penso em pegar o ônibus até você, mas logo percebo minha tolice. Escuto suas músicas preferidas, só para te imaginar dançando no quarto. Relembro momentos que acabaram rápidos demais, desafiando minha sanidade.
                Quando digo que vou aí, você hesita. Vejo que sou perdido em ti, que se perdeu no mundo.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Tenha Dó.

Like an wormhole
you don’t make any sound,
yet still forces me
to wait for your call.

Like an wormhole
light won’t come through,
yet hope supports me
pushing me towards you.

Like an wormhole,
you take me into journeys,
although home is here
with your presence.

Like an wormhole
darkness is your essence,
but I can’t seem to find
a reason to leave.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

I Remember.

                Era difícil compreender o que meus ouvidos tinham captado. Não ouvia tal voz rouca há mais de um ano, e agora ela estava ali, a poucos centímetros, sendo despejada em mim. O tom era um pouco diferente, mas ainda assim podia claramente notar a semelhante falha nas palavras. Não sei dizer por quanto tempo me calei e fitei o teto. Pude perceber que algumas infiltrações já se faziam presentes, assim como alguns poucos buracos. A pessoa que estava ao meu lado tinha muito pouco a ver com ela, mas sua boca emitia sons que criavam uma certa nostalgia ao meu redor. Encontrava-me em uma cama de solteiro, não muito longe dali. Havia alguém que conhecia tudo a meu respeito, inclusive em que posição eu dormia. Com sua cabeça encostada em meu ombro, esbravejava bobagens, essas tanto que me apaziguavam. O frio tomava conta do quarto, talvez pelo ar-condicionado sempre ligado, no alto da parede. Seu edredom se mostrava necessário, coisa que nunca reclamei. Horas a dentro, terminávamos em um silêncio absoluto, com nossas respirações reinando sobre as palavras. Era possível ouvir também o barulho da tevê, mesmo que mínimo. Eu sempre tinha que desligar, ao acordar no meio da madrugada, já que ela tinha medo de ficar no escuro. Mal sabia ela que eu também tinha.

domingo, 12 de julho de 2015

Sweetheart, What Have You Done To Us?

                Meus sonhos são contraditórios. Neles, aparecem pessoas em que nunca vi, ou ao menos que não lembro mais. E no meio de todos essas vultos desconhecidos, encontro olhos que atraem os meus. Não por serem lindos e transparentes, mas por pertencerem às pessoas que me fazem bem. Ou que me fizeram, em determinado momento. Fato é: muitos nem se conhecem. Simplesmente me têm como pessoa em comum, sem qualquer relação intrínseca entre si. Então, indago, por que todos se dão tão bem? Aparecem sorrindo, tendo conversas que não me envolvem. Alguns nem levam em conta que já sumiram da minha rotina. Eu imaginaria que esses teriam borrões em seus rostos, como se minha miopia tivesse aumentado exclusivamente naquela parte de seus corpos. Para minha surpresa, consigo enxergar com tamanha precisão de que poderia jurar tê-los visto ontem mesmo. Suas feições estão todas lá, detalhadas, com as pintas no lugar em que devem estar. Passam por cima de tudo o que eu tenho guardado, e agem como nunca tivessem ido embora. Pergunto-me se é isso de que um sonho é feito: um mundo paralelo, que acomoda suas imaginações mais profundas, por mais impossíveis que pareçam. Um lugar onde você observa caras velhas e relembra da tal da felicidade momentânea. Faz até você acreditar que as coisas podem sim voltar a como eram antes, no perdão e tudo mais. Alguns dizem que os sonhos são suas realidades, mas como se você tivesse tomado todos os caminhos certos. Como se não houvesse erro, somente acumulações de momentos passados. Nada te derrubou, e todos continuam onde estavam, inertes. Não há magoas ou rancor. Amor nenhum foi perdido, mas adicionado aos demais. Uma vida repleta de risadas e piadas sem graça. E faces não esquecidas.
                Eu acho injusto, na verdade. Dar uma esperança que logo se dissolve. 

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Dream Lover.

O que jaz no amanhã?
Uma coberta no frio?
Teu sopro no meu ouvido?

O amanhã eu não sei.
Embaçado, direi.
A porta continua aberta.
Lembra da minha oferta?

Seu rosto, eu esqueço.
Nunca me deu seu endereço.
Repito tudo o que é piegas.
Só me restam as lembranças.

Meu espírito é fraco.
Sinto sua pele macia.
De qual cor era seu casaco?
Pensar em ti é hipocrisia.

Como foi seu dia?
Tal desejo, insaciável.
Nós, inviável.
Perdoe minha ousadia.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

A sua mentira em Abril.

                Like a cat, you silently creep up to me. Your touch flows through my entire body. Meaninglessly, your words form a melody that I cannot comprehend. I seek the knowledge of reaching you, yet sorrow opposes my will. I began to realize I was a mere chapter in your complex history. Do not worry, as a chapter to be fold, I am nothing but gratefulness. You leave me with a broad smile, facing your whole essence ahead. I look up to you, only to find adventures astounding you. Breathe, my dear. Mildly walk the path you have chosen. Gracefully move away from me. Watching, as agony pierces me, your lovely back to decrease its shape. Do not vanish from my memories, is my sole demand. 

terça-feira, 30 de junho de 2015

Polar Opposites.

                Chovia bastante. Ficava difícil enxergar pouco mais de alguns metros, com as gotas tão grossas. Era bonito de se ver, na verdade. Era madrugada, então a única luz era a dos postes, focando em pequenos círculos d’água. Também havia um frio, que combinava com o café em cima da mesa. O meu cobertor antigo era essencial, envolto em mim. Todos esses fatores me faziam pensar em diversas coisas, no conforto daquela cadeira. Imaginei o que estaria fazendo em dez anos. Onde estaria. Com quem. Aos vinte, a perspectiva da vida começa a tomar forma. Se antes eu era somente um vagabundo, dentre tantos, hoje o futuro já bate minha porta. É incrível o que um ano pode mudar em você. Não digo que estou mais maduro, pois ainda estou perdido nesse mundo, mas consigo sentir que estou diferente. Ou algo assim.
                Também pensei na saudade. Saudade essa que me deixou feliz por um tempo, lembrando dos detalhes. É tanta coisa que acabo esquecendo, salve o que deixo guardado em algumas folhas. Dou risadas e, por um momento, esqueço que saudade também é tristeza. Saudade é ausência. Saudade é passado. E não volta mais.   

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Lion's Mane.

                Ela tinha uma cachorra, com um nome um tanto quanto peculiar: Kira. Sempre achei que fosse uma palavra japonesa, embora duvido muito que tenha se baseado nisso. Escrevendo isso, percebo que nunca cheguei a perguntar sobre a origem, na verdade. Ela já estava velha quando a conheci, em idade de cachorro. Talvez oito? Não sei. Não lembro.

domingo, 14 de junho de 2015

To A Friend.

                Gosto de pensar que as coisas dão certo. Em um certo ponto, talvez nem agora ou daqui a duas semanas, mas em algum momento. Digo, é mesmo possível vivermos por tantas curvas somente para chegar em um lugar sem nada? Sei que não estou pedindo muito. Somente quero algo simples e bonito, talvez até com algumas enroscadas de pés. Se isso for algum tipo de prêmio para os que aguentam até o fim, tudo bem, estarei aqui, novamente, abrindo as portas e janelas. Caso contrário, voltamos ao ponto, de que adianta?

sábado, 13 de junho de 2015

Sonhos e delírios.

Quiet down,
reality is on its way.
Keep it inside,
the world is moving.
Forgive me,
I am not a soldier.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Último Romance.

Countless nightly delusions
led me to see
everything
and everyone
through your silhouette.
Old black sweatshirts
and glasses
corrupted my sanity,
as I wandered the streets,
without your alluring voice.
You left a blank space
in my deepest desires.
No man should ever run
after what’s been long gone.

Down the hill
I went.
No clear end,
just the radiant moon.
Waiting.
Still.
Catching a glimpse
of your delicate face
in my oldest memories.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Naïve.

- Dentre todas as coisas, você me faz bem.
- Como é?
- Ué, não ouviu? Você me faz bem. Fim.

domingo, 7 de junho de 2015

Sem Débora, Blue.

    Quando Débora me deixou, minha vida ficou dividida entre dois momentos: o antes e o depois. Seu completo desaparecimento deixou-me um vazio existencial, um buraco em meu peito que não cansava de latejar. Ansiava todos os dias por mensagens, aquelas bobas e aleatórias, qualquer coisa que me fizesse esquecer um pouco o cansaço semanal. O silêncio mostrou-se um grande inimigo meu, porém o jeito menos doloroso de ser conduzido até o fim. 

I Will Follow You Into The Dark.

                Se eu dissesse que minhas noites têm sido tranquilas, estaria negando minha própria existência. Pouco a pouco, as olheiras começam a se formar sob minha pele, agora já envelhecida pelo cansaço dos dias. Sabe o que é, meu bem? Passei a tomar tuas próprias dores, e as somei com as minhas. Não tenho mais sossego, ficando somente com a tua ausência em mim. Você se foi, deixando um rastro de saudade pelo caminho, o qual impetuosamente segui. Ingênuo, fui cego pela luz que você emanava, lá longe de mim. No fim, não era nada. Somente a lua pairando pelo céu, lembrando-me de alguém que, um dia, conheci.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Give Out.

Frio.
As cobertas envoltas de mim.
Olha, morena, tou cansado de dormir.
É verdade:
Cainho diz que o mundo dos sonhos é melhor.
Concordo
e assino em baixo.
Mas qual a graça?
A realidade é outra.
Nela, não te vejo.
Nunca.
Nunquinha.
Não escuto tua voz,
não sinto teu cheiro,
não beijo tua boca.
A realidade é cruel,
com tudo em preto e branco,
sem riso,
sem você.
Sem você, morena.
Morena, por onde andas?
Deixe-me te encontrar
por aí
ou por aqui.
Não posso mais voltar pra cama
só pra te encontrar.
Acabo ficando refém da sua silhueta,
imaginária silhueta.
É a última vez que peço,
imploro,
esperneio.
Não tenha medo
de sair dos meus sonhos
e vir me encontrar.

domingo, 31 de maio de 2015

Bad Girl.

Conte-me sobre você
e os porquês,
com sua voz doce,
ó branda voz.

Diga-me seus medos
e receios,
seja com a luz acessa
ou no breu de seu quarto.

Aponte-me a lua
e afague-se em meu peito,
recitando bobagens
ao pé do meu ouvido.

Perdoe-me por ser assim,
meio tolo,
mas assim sou,
louco por você.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Like Clockwork.

                É estranho olhar para o céu, já parou pra pensar? Toda vez que você olha, as estrelas não estão no mesmo lugar. Mas, de certa forma, você pode desenhar diversas coisas, ao ligá-las. De ponto em ponto, você vai criando uma linha imaginária, passando por toda a imensidão desse breu. Às vezes você desenha a mesma coisa. Uma face conhecida. Um sorriso que te alegra. Uma saudade sem definição. Talvez as estrelas mudem, e você passe a desenhar em outras, mas o mesmo desenho sempre se sobressai.
                Ultimamente, tenho desenhado você. Só consigo ver algumas daqui, então tenho que exercitar minha imaginação. É difícil, devo dizer. Semana passada, seus traços começaram a desaparecer de minha memória. Nunca imaginei que somente te veria assim, tão longe. Sem as suas cores. Ou seus cheiros. As estrelas estão lá longe, assim como você. Somos insignificantes, só de enxergarmos toda a distância. Apesar disso, encontro-me aqui, hoje, olhando para o céu. Quanto mais penso na distância, mais tenho certeza de toda a beleza. 

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Missing.

                Tô indo aí pra te ver. É, já peguei o ônibus, tô chegando em uns dez minutos. Não é nada especial, só quero te ver. Deixa disso, toma um banho de cinco minutos e desce aí. Não, não estou brincando. É sério. Só porque estou rindo não quer dizer que não é sério. Já disse, quero ver essa tua cara. Teus cabelos. Teu sorriso. Sua bunda também, mas vamos fingir que não. Não precisa se arrumar toda, é só uma visita. Escrevi algumas coisas pra você também. Não é nada. Ok, é uma carta. Não sou nenhum Cainho, mas gosto de escrever. É claro que é à mão. Minha letra é feia, mas dá pra entender. Não é longa, acho que tem duas páginas. Como assim é bastante coisa? Tinha ainda muito mais coisa para falar, mas você sabe como sou. Já tá pronta? Vou descer no próximo ponto. Pouco tempo? Você tem sorte que eu liguei antes, podia muito bem só ter batido na sua porta. Tá vendo como sou fofo? Rude? Olha quem fala. Estou indo aí só pra te ver, como posso ser rude? Tá, estava com saudade da tua boca também, mas vamos tentar ser menos voláteis, ok? Sim, sei falar chique. Você que me ensinou. Espero que esteja pronta. Já desci. Ainda tem tempo, calma. Sua casa não é tão perto do ponto. Não me diga que está passando maquiagem. Não é como se a gente fosse jantar. Só quero ver como está seu cabelo. Como assim, já cresceu? Mas você tinha cortado curto há algumas semanas, é impossível ter crescido tanto. Fez pacto com o diabo? Que condicionador é esse? Deve ter custado uma fortuna. Não tem vergonha, garota? Tudo bem, te perdoo. Estou chegando. Se a ligação cair, fui assaltado. Ué, estou falando com você, não vou desligar. Relaxa, têm alguns policiais aqui. Já desceu? No elevador? Você nem saiu de casa ainda, né? Você mente muito mal. Você tem cinco minutos. É isso aí. Estou aqui em baixo. Anda logo. Seu prédio nem é tão alto. Você ao menos saiu do quarto? Tudo bem, mas se não for você quando essa porta do elevador abrir, eu vou gritar teu nome. Não seria louco? Quer mesmo testar? Já sou louco por você, então não conte com meu bom senso. Estou esperando, ainda. Já está aí dentro? Tudo bem, está descendo. Se não for você, já sabe as consequências. Um homem privado de ver a amada por tanto tem licença para cometer loucuras, meu bem. Chegou. Momento da verdade. Rufem os tambores. E... quero muito te agarrar. É, aqui mesmo no elevador. Desde quando você é tímida? Por que ainda estamos falando no telefone? Não sei. Ok, ok.
                Satisfeita?

terça-feira, 28 de abril de 2015

Desires.

                Tenho sonhado com a sua silhueta de morena, vista de relance pela minha visão meia-boca. A nostalgia que chega é a mesma que me impede de dormir. Sentado aqui, nesse sofá, com sono fulminando meus olhos, sei que não conseguirei fechá-los. As memórias são gradativas e dolorosas. Todas me lembrar de como a sua falta corrói as entranhas de meu corpo.
                Chego a pensar em como você está, por onde e com quem anda. Logo me dou conta de que a sua presença já não faz mais parte de mim. Ainda pensas em mim? Pois eu penso em você. Com roupa por aí, ou nua em meus braços. Calma, com o olhar tranquilo que me faz perder a noção de mundo. Teus dedos pressionando minha face, absorvendo todo meu ser. Tua boca sussurrando coisas que não consigo esquecer.
                Tenha piedade de mim, meu bem. Não posso viver sem antes te ter.

Potion Aprroaching.

                Corri até não sentir mais o tremor de minhas pernas. Sentia-me preso em minha própria mente. Tinha a sensação de querer algo impossível, inalcançável. Seu par de olhos cor-de-mel assombravam meus pensamentos, mostrando o quão desesperado eu ficara. Tua abstinência pesava em meu corpo. Teu silêncio corrompia minha sanidade.
                Minhas mãos (logo elas!) pareciam ter envelhecido dez anos. Os cabelos de minha barba começavam a apresentar sinais da idade. Tudo me fazia lembrar de algo distante, gracioso e com nome. Rude por definição própria, tinha o sorriso mais belo. Teus dotes físicos e intelectuais me enchiam de uma mistura de admiração e tesão. Era poeta e nem sabia. Assim como não sabia todo o mal que me fazia. Assim como não sabia todo o bem que me fazia.
                Por um tempo, achei que o equilíbrio bastava-me, somente para perceber que eu nunca estava satisfeito. Todos os minutos de longe de teu cheiro eram errados, sem nexo com os meus desejos. A tristeza de meu ser dizia: o meu querer era muito pouco para toda a sua relatividade. 

Leaving Blues.

                Não acho que exista ganho ao remexer coisas do passado. Tudo bem, admito que procurar pelos primeiros sinais do fim possa garantir algumas horas de sono mais tranquilas, mas existem certas coisas que devem ser deixadas para trás.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Rough hands.

- Você por aqui, chefe? Faz um tanto que não te vejo.
- Não dizem que o álcool tira as ilusões? Estou aqui para comprovar essa teoria.

domingo, 22 de março de 2015

Soneto da separação.

                I never thought I would be exposed so much, as I started to fall asleep. There, lying in my ex-lover arms, everything seemed meaningless. I felt the hollow inside my chest; I was building up everything in me, maybe just so I could let it all go on this day.

quinta-feira, 19 de março de 2015

Tell me where is your hiding place, I'm worried I will forget your face.

                Quero a certeza de um amor leve. Quero cafunés de manhã, filmes à tarde e pés entrelaçados pela noite. Quero olhar no teu olho e ver todo um futuro planejado, lado a lado. Quero juras de amor impossíveis de serem cumpridas, sussurradas em minha orelha. Quero meu corpo junto do teu, quase como um só. Quero acordar e olhar teu cabelo bagunçado caído na cama. Quero que escreva-me coisas fúteis, somente para não esquecer sua letra. Quero contar piadas sem graça, e mesmo assim ver teu sorriso estampado. Quero beijar teu pescoço por inteiro, não deixando nenhum milímetro de fora. Quero sonhar contigo, somente para continuar te vendo. Quero ouvir sua voz no final do dia, tendo a certeza de que dormirei brando. Quero poder te agarrar, impedindo sua ida. Quero receber teus beijos desesperadamente, saboreando-os com serenidade. Quero pressionar meus dedos contra tua macia face, sentindo cada problema e tomando-os para mim. Quero que meus filhos tenham o teu sorriso, os teus olhos, o teu cabelo, e tuas mãos. Quero que meus filhos tenham tua preocupação, tua inteligência, tua sensatez e tua visão de mundo. Quero que meus filhos tenham o meu humor. Quero você, antes da certeza.

terça-feira, 17 de março de 2015

As your voice fades.

                No início, as complicações pareciam inexistentes. As promessas inquebráveis e a chama da esperança ardia em pleno vigor. Ingênuo, o tempo sequer era relevante.
                A simples ideia de te ver partir, provoca calafrios por toda a minha pele. E não estou falando dos bons. Imaginar que estaria hoje aqui, sentado e escrevendo sobre o que você causa em mim, parece improvável. Não tenho a mínima ideia de como cheguei aqui, mesmo após tantas barreiras. Talvez elas tenham somente fortalecido meus sentimentos por você. Ou talvez eu sempre imagine a luz no fim do túnel, apesar de tantas curvas no caminho.
                Admito que não estava em meus planos apaixonar-me por você, ainda mais com tanta intensidade. É difícil dizer quando alguém vai entrar na sua vida e bagunçá-la por completo, e com você não foi diferente. O primeiro sinal foi quando peguei-me pensando em ti, logo antes de dormir. Não pude evitar em sorrir e querer ver-te.
                Não consigo encontrar uma razão única para tamanha fixação. Suas qualidades, assim como seus defeitos, fizeram-me ver em ti alguém que desejo ter ao meu lado vinte e quatro horas por dia. Talvez algumas horas à parte façam bem a nós, mas é a intenção que conta, certo? Não há bem maior que seu sorriso em um fim de tarde, após contar-me sobre todos os seus sonhos e todos os seus medos. Perdoe-me o egoísmo, mas quero guarda-lo para mim, mesmo que seja um bem à humanidade exibi-lo.

                Guardo em mim cada centímetro de seu corpo, na esperança de vê-los em minha frente mais uma vez. Procurar teus olhos por aí resulta na tristeza da ausência. Peço que fique por perto, e aceite todo o meu desejo por ti.

sábado, 14 de março de 2015

Forgive me.

                A rua estava lotada de pessoas, todas saindo do mesmo local que nós. A maioria continuava residente no transe que lhes fora imposto, olhos perdidos e arregalados. Eu não era exceção, claro.  Éramos cinco, talvez seis, não me recordo. Lembro-me de poucas coisas, na verdade. Não estou dizendo que foi somente mais um dia qualquer, pois não foi, mas minha memória tem uma tendência a trair-me.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Psychosis.

Domingo

Eu não sei por que eu estou escrevendo isto no papel e não no meu computador. Eu só acho que notei algumas coisas estranhas. Não é que eu não confio no computador... eu só... preciso organizar meus pensamentos. Eu preciso rever todos os detalhes em algum lugar objetivo, em algum lugar que eu sei que o que eu escrevo não pode ser excluído ou... alterado... não que isso tenha acontecido. É que... aqui tudo fica embaçado, e a névoa da memória produz um estranho arranjo para as coisas... 

domingo, 8 de março de 2015

Just to see your blue eyes see.

                Escuto alguns ruídos. Pés sendo arrastados. Camas sendo remexidas. O silêncio da madrugada proporciona uma tranquilidade que sempre desejei. Talvez exista uma cidade que seja assim: monótona, sem gritaria ou corridas para quem chega primeiro em tal lugar.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

There is a light that never goes out.

                Tinha saudade. Talvez não daquela de sentir-se estranho em sua própria casa, na certeza de que algo não está certo. Ou de ser sufocado pela ausência, refém de sua própria mente. Tinha uma saudade peculiar, como se toda vez que fosse falar algo, somente abria a boca, sem palavras saindo de sua garganta. “Só teria graça se fosse com ela”, afirmava.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Yes and nothing less.

                Acho que é isso, estou meio sei lá. Tentei de todos os jeitos e trejeitos definir a situação que encontro-me, mas foi pura perda de tempo.
                Não, não sei o motivo de tanto alvoroço. Por muito tempo, fui o cara que sempre tinha que definir o que sentia, principalmente o que queria e com quem. Sentia-me perdido em meio ao caos que era a vida e todas as suas reviravoltas. Cheguei a achar que nunca seria feliz, mesmo não sabendo o que é ser feliz. Amar, então? Nem me fale. Um clichê sem fim. Mas já me acostumei, devo dizer. Depois de um tempo, acaba sendo rotina todos os dramas pessoais e as decepções.
                Mas, hoje sinto que as coisas vão sendo encaminhadas para um outro lugar. Passei a aceitar mais que ninguém está aqui para me satisfazer, quanto mais me fazer feliz. Esse é trabalho é única e exclusivamente meu. É óbvio que criar expectativas nem sempre é bom, quase nunca é, mas prefiro quebrar minha cara. Antes que pergunte, não sou tarado por apanhar (não muito). Somente levo a minha vida com o que tenho, sem pensar muito no que vai acontecer em algumas semanas. As pessoas sempre vêm e vão, então por que não logo esperar que isso aconteça? É normal. É só a vida fazendo seu próprio curso.
                Aconteceu o que eu queria? Então tá bom. Não aconteceu? Então tá bom também. Vou vivendo sem medo, caindo, dormindo e depois levantando.
                Acho que estou ficando velho.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

My body is filled with sorrow.

Penso em você
até quando eu me deito.
Anseio ser só seu
e você só minha.
Tens em mim,
todo o teu carinho.
Sem delongas,
por que não me amas?

Se não te escuto,
fico mudo.
Se não te vejo,
enlouqueço.

Não mais que de repente,
me esqueço.
Você aí,
eu aqui.

A porta fica aberta
e a cama cheia pela metade.
Sem pressa, te espero.
Sem medo, sem consciência.
Pela primeira vez,
por vontade própria,
fixo meus pés no chão.

Fico entediado,
mas não abalado.
Permaneço ali,
sem pressa,
te esperando,
munido da verdade:
o que tiver de ser,

será.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Eu sei onde você está.

Dear Sam.,

I have always had a thing for young and old moons. Today, watching it from the not so big window in my room, I still stand by that.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Coisas que aprendi quando já era tarde demais.

                He was writing after a whole different topic, when she crossed his mind. Well, it didn’t exactly happened like that, but that is not the point. I like to dramatize things, so I guess you will have to just roll with it. Anyway, the point is: he realized he was in love.

domingo, 4 de janeiro de 2015

“já se deu conta
de que se eu fosse uma calculadora
eu poderia entrar em pane
registrando
as infinitas vezes que você usou
esse olhar castanho-claro?”