domingo, 31 de maio de 2015

Bad Girl.

Conte-me sobre você
e os porquês,
com sua voz doce,
ó branda voz.

Diga-me seus medos
e receios,
seja com a luz acessa
ou no breu de seu quarto.

Aponte-me a lua
e afague-se em meu peito,
recitando bobagens
ao pé do meu ouvido.

Perdoe-me por ser assim,
meio tolo,
mas assim sou,
louco por você.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Like Clockwork.

                É estranho olhar para o céu, já parou pra pensar? Toda vez que você olha, as estrelas não estão no mesmo lugar. Mas, de certa forma, você pode desenhar diversas coisas, ao ligá-las. De ponto em ponto, você vai criando uma linha imaginária, passando por toda a imensidão desse breu. Às vezes você desenha a mesma coisa. Uma face conhecida. Um sorriso que te alegra. Uma saudade sem definição. Talvez as estrelas mudem, e você passe a desenhar em outras, mas o mesmo desenho sempre se sobressai.
                Ultimamente, tenho desenhado você. Só consigo ver algumas daqui, então tenho que exercitar minha imaginação. É difícil, devo dizer. Semana passada, seus traços começaram a desaparecer de minha memória. Nunca imaginei que somente te veria assim, tão longe. Sem as suas cores. Ou seus cheiros. As estrelas estão lá longe, assim como você. Somos insignificantes, só de enxergarmos toda a distância. Apesar disso, encontro-me aqui, hoje, olhando para o céu. Quanto mais penso na distância, mais tenho certeza de toda a beleza. 

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Missing.

                Tô indo aí pra te ver. É, já peguei o ônibus, tô chegando em uns dez minutos. Não é nada especial, só quero te ver. Deixa disso, toma um banho de cinco minutos e desce aí. Não, não estou brincando. É sério. Só porque estou rindo não quer dizer que não é sério. Já disse, quero ver essa tua cara. Teus cabelos. Teu sorriso. Sua bunda também, mas vamos fingir que não. Não precisa se arrumar toda, é só uma visita. Escrevi algumas coisas pra você também. Não é nada. Ok, é uma carta. Não sou nenhum Cainho, mas gosto de escrever. É claro que é à mão. Minha letra é feia, mas dá pra entender. Não é longa, acho que tem duas páginas. Como assim é bastante coisa? Tinha ainda muito mais coisa para falar, mas você sabe como sou. Já tá pronta? Vou descer no próximo ponto. Pouco tempo? Você tem sorte que eu liguei antes, podia muito bem só ter batido na sua porta. Tá vendo como sou fofo? Rude? Olha quem fala. Estou indo aí só pra te ver, como posso ser rude? Tá, estava com saudade da tua boca também, mas vamos tentar ser menos voláteis, ok? Sim, sei falar chique. Você que me ensinou. Espero que esteja pronta. Já desci. Ainda tem tempo, calma. Sua casa não é tão perto do ponto. Não me diga que está passando maquiagem. Não é como se a gente fosse jantar. Só quero ver como está seu cabelo. Como assim, já cresceu? Mas você tinha cortado curto há algumas semanas, é impossível ter crescido tanto. Fez pacto com o diabo? Que condicionador é esse? Deve ter custado uma fortuna. Não tem vergonha, garota? Tudo bem, te perdoo. Estou chegando. Se a ligação cair, fui assaltado. Ué, estou falando com você, não vou desligar. Relaxa, têm alguns policiais aqui. Já desceu? No elevador? Você nem saiu de casa ainda, né? Você mente muito mal. Você tem cinco minutos. É isso aí. Estou aqui em baixo. Anda logo. Seu prédio nem é tão alto. Você ao menos saiu do quarto? Tudo bem, mas se não for você quando essa porta do elevador abrir, eu vou gritar teu nome. Não seria louco? Quer mesmo testar? Já sou louco por você, então não conte com meu bom senso. Estou esperando, ainda. Já está aí dentro? Tudo bem, está descendo. Se não for você, já sabe as consequências. Um homem privado de ver a amada por tanto tem licença para cometer loucuras, meu bem. Chegou. Momento da verdade. Rufem os tambores. E... quero muito te agarrar. É, aqui mesmo no elevador. Desde quando você é tímida? Por que ainda estamos falando no telefone? Não sei. Ok, ok.
                Satisfeita?