terça-feira, 30 de junho de 2015

Polar Opposites.

                Chovia bastante. Ficava difícil enxergar pouco mais de alguns metros, com as gotas tão grossas. Era bonito de se ver, na verdade. Era madrugada, então a única luz era a dos postes, focando em pequenos círculos d’água. Também havia um frio, que combinava com o café em cima da mesa. O meu cobertor antigo era essencial, envolto em mim. Todos esses fatores me faziam pensar em diversas coisas, no conforto daquela cadeira. Imaginei o que estaria fazendo em dez anos. Onde estaria. Com quem. Aos vinte, a perspectiva da vida começa a tomar forma. Se antes eu era somente um vagabundo, dentre tantos, hoje o futuro já bate minha porta. É incrível o que um ano pode mudar em você. Não digo que estou mais maduro, pois ainda estou perdido nesse mundo, mas consigo sentir que estou diferente. Ou algo assim.
                Também pensei na saudade. Saudade essa que me deixou feliz por um tempo, lembrando dos detalhes. É tanta coisa que acabo esquecendo, salve o que deixo guardado em algumas folhas. Dou risadas e, por um momento, esqueço que saudade também é tristeza. Saudade é ausência. Saudade é passado. E não volta mais.   

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Lion's Mane.

                Ela tinha uma cachorra, com um nome um tanto quanto peculiar: Kira. Sempre achei que fosse uma palavra japonesa, embora duvido muito que tenha se baseado nisso. Escrevendo isso, percebo que nunca cheguei a perguntar sobre a origem, na verdade. Ela já estava velha quando a conheci, em idade de cachorro. Talvez oito? Não sei. Não lembro.

domingo, 14 de junho de 2015

To A Friend.

                Gosto de pensar que as coisas dão certo. Em um certo ponto, talvez nem agora ou daqui a duas semanas, mas em algum momento. Digo, é mesmo possível vivermos por tantas curvas somente para chegar em um lugar sem nada? Sei que não estou pedindo muito. Somente quero algo simples e bonito, talvez até com algumas enroscadas de pés. Se isso for algum tipo de prêmio para os que aguentam até o fim, tudo bem, estarei aqui, novamente, abrindo as portas e janelas. Caso contrário, voltamos ao ponto, de que adianta?

sábado, 13 de junho de 2015

Sonhos e delírios.

Quiet down,
reality is on its way.
Keep it inside,
the world is moving.
Forgive me,
I am not a soldier.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Último Romance.

Countless nightly delusions
led me to see
everything
and everyone
through your silhouette.
Old black sweatshirts
and glasses
corrupted my sanity,
as I wandered the streets,
without your alluring voice.
You left a blank space
in my deepest desires.
No man should ever run
after what’s been long gone.

Down the hill
I went.
No clear end,
just the radiant moon.
Waiting.
Still.
Catching a glimpse
of your delicate face
in my oldest memories.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Naïve.

- Dentre todas as coisas, você me faz bem.
- Como é?
- Ué, não ouviu? Você me faz bem. Fim.

domingo, 7 de junho de 2015

Sem Débora, Blue.

    Quando Débora me deixou, minha vida ficou dividida entre dois momentos: o antes e o depois. Seu completo desaparecimento deixou-me um vazio existencial, um buraco em meu peito que não cansava de latejar. Ansiava todos os dias por mensagens, aquelas bobas e aleatórias, qualquer coisa que me fizesse esquecer um pouco o cansaço semanal. O silêncio mostrou-se um grande inimigo meu, porém o jeito menos doloroso de ser conduzido até o fim. 

I Will Follow You Into The Dark.

                Se eu dissesse que minhas noites têm sido tranquilas, estaria negando minha própria existência. Pouco a pouco, as olheiras começam a se formar sob minha pele, agora já envelhecida pelo cansaço dos dias. Sabe o que é, meu bem? Passei a tomar tuas próprias dores, e as somei com as minhas. Não tenho mais sossego, ficando somente com a tua ausência em mim. Você se foi, deixando um rastro de saudade pelo caminho, o qual impetuosamente segui. Ingênuo, fui cego pela luz que você emanava, lá longe de mim. No fim, não era nada. Somente a lua pairando pelo céu, lembrando-me de alguém que, um dia, conheci.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Give Out.

Frio.
As cobertas envoltas de mim.
Olha, morena, tou cansado de dormir.
É verdade:
Cainho diz que o mundo dos sonhos é melhor.
Concordo
e assino em baixo.
Mas qual a graça?
A realidade é outra.
Nela, não te vejo.
Nunca.
Nunquinha.
Não escuto tua voz,
não sinto teu cheiro,
não beijo tua boca.
A realidade é cruel,
com tudo em preto e branco,
sem riso,
sem você.
Sem você, morena.
Morena, por onde andas?
Deixe-me te encontrar
por aí
ou por aqui.
Não posso mais voltar pra cama
só pra te encontrar.
Acabo ficando refém da sua silhueta,
imaginária silhueta.
É a última vez que peço,
imploro,
esperneio.
Não tenha medo
de sair dos meus sonhos
e vir me encontrar.